A influência da Dislexia nas obras de Zack Snyder fez dele o diretor visionário que é. Mas como ela se apresenta em suas obras?
A dislexia é um distúrbio de aprendizagem caracterizado pela dificuldade de leitura e escrita. Ela pode influenciar a percepção visual e o processamento da informação de maneira única. Frequentemente vista como dificuldade de aprendizagem, ela pode paradoxalmente ser uma ferramenta poderosa no trabalho cinematográfico. Isso porque, apesar de ser um desafio, muitas pessoas disléxicas desenvolvem habilidades visuais e criativas excepcionais. Consequentemente, pode ter um impacto significativo em suas abordagens artísticas. Vamos explorar como isso pode acontecer, especialmente à luz da experiência de diretores como Zack Snyder.
“Eu não acho que o mundo seja muito rápido. Eu sempre fui fã desse tipo de movimento, é como uma poesia. Eu acho que é, provavelmente por isso, que eu gosto de câmera lenta. E, também, porque eu amo histórias em quadrinhos e pinturas. Estou sempre tentando fazer um quadro de um momento em movimento. Então, a câmera lenta permite que você prolongue essa composição singular.” ~ Zack Snyder, em entrevista aos Jovens Cidadão Globais.
Dislexia e Percepção Visual
Atenção aos Detalhes
Pessoas com dislexia podem compensar suas dificuldades com a linguagem escrita desenvolvendo habilidades visuais mais aguçadas. Isso pode incluir uma melhor capacidade de reconhecer e processar padrões visuais ou nuances sutis em uma imagem ou cena. Pode, ainda, se traduzir em uma atenção meticulosa aos detalhes visuais ou relações espaciais, o que é crucial na cinematografia. Em termos artísticos, diretores com dislexia podem perceber e realçar elementos visuais que outros podem não notar, criando cenas mais ricas e detalhadas.
Pensamento em Imagens
Muitos disléxicos relatam pensar em imagens ao invés de palavras. Isso pode ser uma vantagem no campo das artes visuais, onde a capacidade de visualizar conceitos abstratos e transformá-los em imagens tangíveis é crucial. Artistas disléxicos podem achar mais fácil expressar ideias complexas através de imagens do que de descrições verbais.
Processamento Espacial
A dislexia pode estar associada a um processamento espacial mais forte. Isso pode ajudar na criação de composições visuais equilibradas e na manipulação de formas e estruturas de maneira criativa. Em campos como a arquitetura, design gráfico e cinematografia, essas habilidades podem ser especialmente valiosas.
Tempo para processar informações
A dislexia pode influenciar a maneira como alguém processa informações. Assim, as câmeras lentas proporcionam um ritmo mais deliberado, tanto para Snyder ao criar as cenas quanto para o público ao assisti-las. Isso permite, portanto, uma compreensão mais profunda e detalhada dos eventos na tela.
Dislexia e a Arte Cinematográfica
Narrativa Visual Fortalecida e a Percepção Visual Aprimorada
Como dissemos, o distúrbio pode levar os diretores a focarem mais na narrativa visual do que no diálogo ou no texto escrito. No cinema, onde “mostrar” é muitas vezes mais poderoso que “dizer”, essa abordagem pode resultar em uma narrativa mais envolvente e impactante. As cenas de câmera lenta de Zack Snyder são um exemplo claro de como a ênfase na visualização pode enriquecer a narrativa cinematográfica. Afinal, elas ajudam a contar histórias de forma mais visual, ressaltando ações e emoções de maneira mais explícita.
Sua dislexia pode ter contribuído para seu foco em criar imagens poderosas e por suas composições visuais impactantes e estilizadas, muitas vezes inspiradas na estética dos quadrinhos. Snyder é conhecido por suas adaptações de quadrinhos como “Watchmen” e “300”. Ele frequentemente usa câmeras lentas para replicar a estética visual das HQs, onde cada quadro é cuidadosamente desenhado para capturar momentos icônicos. Esse recurso permite que ele traduza essas cenas detalhadas para a tela grande.
Exploração Temática e Impacto Emocional
O uso de elementos visuais para explorar temas complexos pode ser uma habilidade aprimorada em diretores com dislexia. As câmeras lentas e as composições cuidadosamente planejadas de Snyder, por exemplo, permitem que ele explore temas como heroísmo, sacrifício e conflito de uma maneira mais detalhada que ressoa profundamente com o público. Isso ajuda a criar uma narrativa mais rica e envolvente.
As cenas em câmera lenta aumentam o impacto emocional, permitindo que o público se envolva mais profundamente com os personagens e a ação. Em filmes como “Liga da Justiça de Zack Snyder” e “Rebel Moon”, elas intensificam momentos de conflito e heroísmo, amplificando as emoções sentidas pelos espectadores.
Colaboração e Dependência da Equipe
Trabalho em Equipe
A dislexia pode fazer com que diretores dependam mais de suas equipes de filmagem, edição e efeitos visuais. Essa colaboração pode resultar em uma tradução mais precisa e detalhada de suas visões criativas. Uma equipe que entende as necessidades e o estilo do diretor pode ajudar a criar cenas que capturam a essência do que ele imaginou e a traduzir suas ideias visuais em realidade, garantindo que cada detalhe seja capturado de forma precisa. Isso, por exemplo, explicaria o uso de fundos verdes ou azuis.
Estilo Visual Coeso
A consistência no estilo visual, como o uso frequente de câmeras lentas por Snyder, se tornou uma marca registrada que diferencia o trabalho do diretor. O uso consistente delas o ajudou a estabelecer uma identidade cinematográfica única e permite que Snyder destaque e enfatize cada detalhe em suas cenas, possibilitando ao público apreciar aspectos visuais que poderiam passar despercebidos em velocidade normal. A atenção aos detalhes e a capacidade de pensar em termos visuais podem ter levado Snyder a usar câmeras lentas para enfatizar momentos específicos e permitir que o público absorva cada detalhe da cena. Isso cria, dessa forma, uma experiência visual rica e envolvente. Para concluir, essa coesão estilística é frequentemente resultado de uma visão clara e detalhada que é executada de forma meticulosa, por conta da Dislexia.
Diretores de Cinema e outros Artistas e Conhecidos Disléxicos
Não é apenas Snyder que pode ter sido influenciado pela dislexia em sua arte. Muitos outros artistas, famosos e bem-sucedidas figuras públicas também são disléxicos e usaram suas habilidades visuais aprimoradas para criar obras notáveis. São eles:
Steven Spielberg
Spielberg é um dos diretores mais icônicos de Hollywood, conhecido por filmes como “Jurassic Park”, “E.T. – O Extraterrestre” e “A Lista de Schindler”. Ele foi diagnosticado com dislexia aos 60 anos, o que ajudou a explicar suas dificuldades escolares e seu foco na narrativa visual. A dislexia de Spielberg contribuiu, ativamente, para seu talento em contar histórias através de imagens visuais impactantes e detalhadas, muitas vezes preferindo mostrar emoções e ações em vez de depender de diálogos longos.
Guy Ritchie
Conhecido por filmes como “Snatch” e “Sherlock Holmes”, Ritchie utiliza um estilo visual dinâmico e energético, caracterizado por cortes rápidos e ângulos de câmera inovadores. Sua dislexia pode ter influenciado, sobretudo, seu enfoque na narrativa visual estilizada e ritmo acelerado. A preferência de Ritchie por contar histórias de maneira visual e dinâmica pode ser uma estratégia para compensar as dificuldades de processamento de texto associadas à dislexia.
Quentin Tarantino
Embora não haja confirmação oficial de que Tarantino é disléxico, ele é conhecido por sua abordagem visual e detalhista em filmes como “Pulp Fiction” e “Kill Bill”. Assim como os anteriores, ele frequentemente usa cenas visuais fortes para transmitir complexidade e emoção. Tarantino combina, assim, diálogos intensos com uma narrativa visual rica, possivelmente refletindo uma habilidade de pensar e criar através de imagens.
Tim Burton
Conhecido por seu estilo visual gótico e excêntrico em filmes como “Edward Mãos de Tesoura” e “O Estranho Mundo de Jack”, Burton aproveita suas habilidades visuais para criar mundos imaginativos e com bastante detalhes. Dessa maneira, sua possível dislexia poderia explicar seu enfoque visual forte e distintivo.
Enfim, Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Walt Disney, Agatha Christie, John Lennon, Cher, Henry Ford, Jennifer Aniston, Keanu Reeves, Tom Cruise, Steve Jobs e Bill Gates são nomes conhecidos, famosos por talentos diferentes, mas unidos por uma característica comum: todos são disléxicos.
Conclusão
A dislexia, apesar de suas dificuldades associadas, pode conferir uma vantagem única na percepção e criação visual. Para artistas como Zack Snyder, isso pode se manifestar em uma atenção excepcional aos detalhes, uma forte capacidade de pensar em imagens e um estilo narrativo visualmente orientado. Consequentemente, ao reconhecer e aproveitar essas habilidades, muitos artistas disléxicos são capazes de criar obras de arte poderosas e impactantes que se destacam pela sua profundidade visual e narrativa.
Longe de ser apenas uma desvantagem, pode fornecer aos diretores de cinema habilidades visuais e narrativas únicas que enriquecem seu trabalho. A atenção aos detalhes, a capacidade de pensar em imagens, e a ênfase na narrativa visual, por exemplo, são apenas algumas das maneiras pelas quais a dislexia pode influenciar positivamente o trabalho cinematográfico. Assim, diretores como Zack Snyder exemplificam como essas habilidades podem ser traduzidas em um estilo visual poderoso e distintivo, que ressoam com o público e enriquecem a arte do cinema.
Por fim, a dislexia de Zack Snyder pode ter influenciado indiretamente seu estilo cinematográfico, incluindo o uso de câmeras lentas. Isso porque esta escolha estilística permite que ele destaque detalhes visuais, crie uma narrativa visual poderosa, e explore temas complexos de maneira mais impactante. Mesmo que não haja uma ligação direta documentada, é possível que sua condição tenha contribuído para a formação de seu estilo único e reconhecido no cinema.
Aqui estão alguns artigos em português que podem ser úteis para entender mais sobre a relação entre dislexia e percepção visual na arte:
- DislexClub: Portal sobre Dislexia do Especialista em técnicas de aprendizagem para disléxicos e maior produtor de conteúdo sobre dislexia do Brasil, Felipe Ponce (Pippo).
- Percepção visual na dislexia: influência das tipografias nas habilidades de leitura. – Este estudo da Universidade de São Paulo examina como diferentes tipografias afetam a leitura em indivíduos com dislexia. Ele mostra como certas fontes podem melhorar ou dificultar a fluência de leitura, destacando a importância da escolha tipográfica para leitores disléxicos. (Repositório da Produção USP).
- Dislexia: Movimentos oculares e Percepção Visual. – Este artigo aborda como as deficiências nos movimentos oculares e na percepção visual podem afetar a leitura e a aprendizagem em indivíduos com dislexia. Ele destaca a necessidade de uma avaliação visual completa que considere todas as áreas do sistema visual para apoiar melhor as crianças e adolescentes com dislexia. (Ana Rita Martins Ortóptica).
Portal Zack Snyder • BR: De fã para fã
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