Com a aguardada estreia de Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes, a segunda parte da ópera espacial criada pelo visionário Zack Snyder, conseguimos desenhar em nossas mentes e coração o que o cineasta tem em mente com seu universo de Rebel Moon.
Particularmente, tenho que contar que no lançamento do primeiro filme, na CCXP de 2023, eu tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Zack. Além disso, fui dirigido por ele na ativação do filme que a Netflix preparou para o evento, nos transportando à Lua Veldt, como um dos rebeldes, em um trailer especial feito conosco. Confesso que todo o meu inglês fluente se tornou um verbo “to be” mal conjugado, na presença do visionário. ~ Sim, de tremer as bases! ~ E, agora para a Parte 2, eu tive a chance de assistir ao filme, ainda na quarta-feira, 17 de abril, nos escritórios da Netflix Brasil em São Paulo, em uma Première exclusiva, oferecida ao Portal Zack Snyder Brasil e outros convidados. Assisti em uma tela grande, com um sistema Dobly Atoms, que dava uma imersão espetacular para o filme.
Ficha Técnica
Ano: 2024
Direção: Zack Snyder
Produção: Deborah & Zack Snyder (The Stone Quarry), Wesley Coller (The Stone Quarry) e Eric Newman (Grand Electric)
Roteiro: Zack Snyder, Shay Hatten e Kurt Johnstad
História: Zack Snyder
Trilha Sonora: Tom Holkenborg (Junkie XL)
Gênero: Fantasia | Ação
Lançamento: 19.04.2024
Duração: 122 minutos
Classificação Indicativa: +13
Minhas Impressões
É difícil fazer uma análise desse segundo filme, sem levar em conta o primeiro. Ainda mais quando todos sabem que, o que era para ser um único filme, foi dividido em duas partes a pedido da própria Netflix. Dessa forma, dá para entender por que o início do filme já começa com um ritmo muito bom. E, sim, dessa vez, Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes tem um ritmo mais acelerado e um roteiro mais redondo.
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Roteiro
O grande pecado do roteiro fica por conta dos diálogos, muitas vezes bregas, mas também livres do cinismo tão persistente nos filmes e nas nossas redes sociais. Os moradores da Lua Veldt são mais otimistas e ingênuos, enquanto os vilões são maléficos e tentam ser espertos o tempo todo. A dicotomia entre bem e o mal é evidente e faz parte da proposta da obra, além de ser o filme mais romântico do diretor. Sim, a frieza da Kora está ainda com ela o tempo todo, mas conseguimos vê-la amando, mesmo com medo, e é delas as cenas românticas mais piegas, acredite se quiser. Ou seja, a única personagem que carrega uma personalidade mais cínica cai dentro da inocência dos moradores de Veldt, mesmo que de início seja muito a contragosto.
Outro ponto do roteiro que me incomodou, é que ele, às vezes, é um pouco preguiçoso nas suas resoluções. Por exemplo, há um momento na primeira hora do filme em que os heróis estão sentados à mesa, na véspera da guerra, e, do nada, todos eles contam sobre seu passado, forçando um flashback revelador sobre cada um. Na minha humilde opinião, se tivessem explorado isso de outras formas, talvez até na primeira parte do filme, lá em dezembro, poderia ser mais interessante. Afinal, neste momento, corta-se muito o clima e tornam os flashback algo muito didático, do tipo: agora vamos mostrar o passado sofrido de cada um. Porém, nisso fica a dúvida, será que no filme estendido, que será lançado no nosso inverno, será assim? ~ Isso só no futuro saberemos.
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Direção de Arte
Agora, vamos falar de coisa boa! Falando do mundo criado por Snyder, algo que me surpreendeu muito foi a direção de arte. A mistura de futuro com realidades do passado da humanidade. Temos elementos na Segunda Guerra Mundial, na Era dos Vikins, no Império Romano, no Feudalismo Ocidental e Oriental, tudo em uma mistura de épocas e estilos que casam com aquela tecnologia toda do futuro de uma forma muito bem-vinda. Nota-se que a pesquisa e as referências estão todas ali, coexistindo muito bem nesse universo. E isso tanto figurinos, quanto os elementos de cenários reais e CGI, tudo muito lindo e cheio de riquezas e detalhes. Isso tudo fecha com a fotografia muitas vezes linda e bem construída, com planos bem elaborados e quadros bem pensados.
Não vou me ater a falar do slow motion, porque reclamar de slow motion com o Snyder é como reclamar de sangue com o Tarantino, ou chamar Almodóver de brega. É uma marca registrada e ele já justificou essa sua escolha em várias entrevistas, então, já esperava por isso e tem várias, apesar de aparentemente ter menos que o de costume. Não contei, nem contaria, quanto slow motion tem, como muitos doidos fazem, mas ao menos eles me pareceram em menor escala que o de costume. E, sim, tem uma parte em especial que apesar de parecer ser “desnecessária” para a narrativa, fica muito linda: na que todos estão juntos fazendo a colheita, antes da chegada do ressuscitado Atticus Noble. É uma espécie de êxtase de alegria, antes do caos completo.
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Um detalhe
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Este é o terceiro filme do Snyder na Netflix e o terceiro em que ele é também o diretor de fotografia.
Na questão da luz, ele costuma colocar muito os personagens contra a luz estourada, e utiliza sem pena a luz solar da rua contrastando com o ambiente fechado. Isso é bem difícil de se ver por aí, até porque ela causa uma estranheza grande no olho e é muito difícil de se manipular com a câmera, não importando a lente que usar. É a lei da física usada para contar a sua história e isso é muito legal! Só me cansa um pouco o excesso de efeito de reflexo de luzes nos planos, algo que ele tem muito em comum com outro diretor que é amado ou odiado pelo povo nerd, o J.J. Abrams. Eu gosto. Mas, tem cenas que, para mim, é ‘muito’, causando certa poluição visual no plano.
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Enredo
Agora, sobre a melhor parte do filme: a guerra. Sim, a guerra acontece e, diferentemente de muitas cenas de ação do Snyder, essa acontece em uma escala muito maior. Temos acontecimentos em várias frentes da batalha ao mesmo tempo, e tudo foi muito bem editado e dirigido, a ponto de ser impossível qualquer pessoa se perder na narrativa. Está tudo acontecendo ao mesmo tempo e tudo muito bem coordenado. Nessa parte, o roteiro é fabuloso! Tiros, explosões e sangue, mesmo que contidos, pois estamos falando da versão de 13 anos do filme. ~ Gosto de imaginar como será essa guerra na versão estendida e sem censura. ~ O terceiro ato é muito bem filmado, claro, objetivo e deixa uma abertura perfeita para outros filmes e séries expandirem a franquia.
Em suma, Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes mostra muito mais dessa história do que a primeira. É um filme superior em vários níveis, e, se eu fosse um executivo da Netflix teria dividido a história em 6 partes de cerca de uma hora cada, lançadas tudo num dia, como série mesmo. Dessa forma, afinal, a história faria muito mais coesão! Para mim, lógico. Mas, eles que têm o poder do dinheiro e do marketing devem saber o que fazem, né?
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Elenco
Quanto ao elenco, eu gosto muito da diversidade do núcleo principal. Temos desde latinos, negros a asiáticos, todos super carismáticos, que conseguem dar conta do que o filme propõe para eles. Isto porque Rebel Moon é certamente um universo de ação, e é lindo ver a Sofia Boutella, a Kora, e suas manobras tão inverossímeis quanto as do Tom Cruise em Missão Impossível, ou qualquer herói masculino do cinema. Ela dá conta e a gente acredita que sim. Mesmo sendo uma atriz que ainda não conseguiu mostrar todo o seu potencial dramático em tela, ela com certeza tem muito potencial como estrela de ação. Apesar da Kora não ser uma personagem muito carismática, ela faz com que você torça por ela e tem um sorriso tímido apaixonante.
Ela, na verdade, é o único personagem cinza do filme. É durona, mas tem um bom coração. Consegue ser fria, mas também tem uma ingenuidade grande. Ela é o perfeito fruto de uma dominação de um estado fascista. Já o grande vilão, o Atticus Noble, do Ed Skrein, talvez seja, dos personagens centrais, o que mais faltou desenvolvimento, pois as reais motivações dele são até visíveis, mas não parecem ter profundidade para que conheçamos o homem por baixo do psicopata frio e cínico. Espero que em futuros filmes ele possa ser mais desenvolvido.
Conclusão
Ah, antes de mais nada, tenho que dizer que os fãs vão amar reconhecer as referências aos filmes anteriores do Snyder. Neste sentido, temos planos inspirados em O Homem de Aço, Liga da Justiça de Zack Snyder, 300 e aí vai… Os snydetes vão gritar quando virem! Recomendo reunir os amigos e assistirem juntos, muitas teorias vão ser elaboradas, certamente!
Então, pessoal, se você gosta do estilo do Zack Snyder, esse filme é um deleite para você. Tem tudo que você gosta e ainda mais. Mas, se você é um “hater”, não há o que fazer! Você não vai assistir e vai odiar mesmo assim. E é assim que o mundo é feito, não é mesmo? Bem, na verdade, se você leu até aqui, faça o que seu coração mandar. Assista ao filme e crie a sua opinião. Não se guie por ninguém! Você sabe do que gosta e não gosta. Não precisa do meu aval ou o de ninguém. Divirta-se, pois Rebel Moon Parte 2 – A Marcadora de Cicatrizes foi feito para isso: para você se divertir.
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