OFF | Crítica sobre “Abraço de Mãe”

• Trailer:

• Sinopse: Em fevereiro de 1996, durante um dos temporais mais impiedosos que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, uma equipe dos bombeiros recebe um chamado para evacuar um asilo com risco de desabamento. Ana, uma jovem bombeira afastada após sofrer um ataque de pânico em uma operação, se vê retornando à sua antiga equipe de resgate. Ao chegarem ao local, os bombeiros descobrem que os misteriosos moradores do asilo têm outros planos com a chegada da chuva. Ana terá que enfrentar seu próprio passado para sobreviver e salvar os outros antes que seja tarde demais.

Minhas Impressões

Indiscutivelmente, o cinema nacional possui uma certa resistência em produzir longas de ficção. Então, quando produções como essas surgem, sempre é satisfatório apreciá-las e degustar a ousadia de um gênero que é muito consumido pelo público do “pipoca”. “Abraço de Mãe” foi produzido para streaming e pode agradar os adeptos de um bom suspense de horror, que gostam de debater possíveis teorias e interpretações após a sessão. Se a intenção for essa, pode ser um bom caminho para conquistar uma base de fãs que anseiam por produções nacionais desse tipo.

Mas, se a intenção foi apenas apresentar uma história fechada, muito coisa ficou pelo caminho. “Abraço de Mãe” tem a boa intenção de seguir um percurso ousado e bastante visto no cinema internacional. É coeso em explicar as intenções da protagonista, mas não explica o plano de fundo central, que dá o tom e gênero do filme. Aliás, o plano de fundo realístico, baseado nos temporais de 1996 do Rio de Janeiro, é a única coisa sólida na história. Isso porque faltam explicações sobre o que é o “horror-fantástico” que gira em torno do asilo que está sob vistoria da equipe de bombeiros, do qual a personagem de Marjorie Estiano faz parte.

É nítido que existe uma ligação entre o passado da protagonista com os acontecimentos atuais da madrugada de chuva torrencial. Mas o motivo é jogado para a audiência, sem a menor explicação do porquê, causa e intenção daqueles eventos.

Conclusão

“Abraço de Mãe”, ganha pela intenção e peca no desenvolvimento e resolução. Sobrou ousadia em executar uma história de ficção de língua portuguesa, mas faltou coragem em assumir o fantástico e dar nome aquilo que se propôs apresentar na tela. Afinal, se vamos ver, é necessário entender. E veja bem, não digo explicar, pois um bom filme também é feito pela interpretação do público. Mas, quando esta interpretação fica em aberto, podemos nos perder sobre qual foi a mensagem que o filme queria entregar.

Agora, se a ideia era entregar uma ficção usando um evento extraordinário, estão de parabéns, funcionou, e encontrará tensão e ótima atuação de Marjorie Estiano em tela.

“Abraço de Mãe” estreia dia 23 de outubro, na Netflix.

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