Não é novidade que Rebel Moon tenha fortes inspirações de “Os Sete Samurais” e “Star Wars”. Além de ser dois dos filmes preferidos de Snyder, a história é inicialmente parecida com Os Sete Samurais. – O que faz com que os haters borbulhem de prazer para criticar a tal “falta de criatividade de Snyder nos roteiros”. – No entanto, o que alegam é que Rebel Moon é uma cópia do segundo. Neste sentido, é preciso ser mais inteligente que isso. Referências e cópias são dois conceitos diferentes. Embora essa galera adore reproduzir argumentos negativos e exagerem em suas percepções, Rebel Moon está longe de ser uma cópia de Os Sete Samurais e Star Wars.
O universo de Rebel Moon está apenas começando, mas se ambas as produções que o inspiraram foram bem conceituadas, é de se estranhar as críticas negativas da junção do melhor de cada uma, com a visão única e irreverente de Zack Snyder. Ter tais inspirações negativaria tanto um filme? Esta é a prova de que não importa a obra, as críticas se voltam ao diretor, o que as torna infantis e imaturas. Na verdade, quem é hater se esforça muito para não gostar de nada do Snyder, sobretudo Rebel Moon. Das críticas mais repetidas, “há defeitos no roteiro”, isso porque, basicamente, não o entenderam. “Há excessos de Slow Motion”, porque não gostam do uso dele. Ou ainda “é derivado”, porque algum crítico hater cultista de jornal grande falou.
Contudo, o ponto aqui não é refletir acerca do que se passa na mente de quem não a usa com certa frequência. Para isso, se quiserem, tem este texto. Em ““Os Sete Samurais” de “Rebel Moon” no “Star Wars” de Zack Snyder”, analiso e discorro os comparativos essenciais entre as duas obras conceituais e Rebel Moon.
Os Sete Samurais
Enredo
Em primeiro lugar, “Os Sete Samurais” se passa em um Japão de 1600, durante a Era Sengoku, uma das fases mais conturbadas e instáveis da história do Japão, marcada por constantes guerras. Na história de “Os Sete Samurais”, uma pequena aldeia desprotegida, regularmente saqueada por ladrões assassinos, pede a um bando de samurais que os defenda. Aqui, os saqueadores estão em busca de cevada para benefício próprio.
Já Rebel Moon é uma história interplanetária de um futuro distópico que, apesar de também apresentar um cenário de guerras constantes, têm mundos e luas habitáveis que permitem ampliar a complexidade de seu universo expansivo e de seus personagens. O Império do Mundo-Mãe, apesar de buscar o trigo para alimentar sua tropa e fortalecer o seu poder, busca dizimar toda a colheita de Veldt, uma lua que orbita o planeta gasoso de Mara. Veldt é um mundo atrasado fora da esfera de influência do Mundo-Mãe, mas que entra no radar de Noble, oficial do Império, quando este descobre que os habitantes de Veldt podem ser cúmplices dos rebeldes Irmãos Bloodaxe, a quem está em constante busca implacável.
Personagens
Ademais, os samurais eram uma classe da elite de guerreiros que prestavam serviços militares aos nobres. Em Rebel Moon, Kora – que apesar de ser filha da guerra, era uma criança de 9 anos, quando conheceu e foi adotada por Balisarius – e General Titus – que liderou um exército contra o Mundo-Mãe, após uma crise de consciência – são traidores do Império. Tiveram treinamento para matar impiedosamente, mas em dado momento se rebelaram contra quem os treinou.
Os demais membros da equipe não se equivalem aos samurais e suas virtudes ou códigos de honra. Por exemplo, Gunnar é um camponês agricultor que botou sua aldeia em perigo, vendendo trigo aos irmãos Bloodaxe e, agora, para sobreviver, precisa compensar o erro lutando contra o Império. Tarak é o príncipe herdeiro de Samandrai e adestrador de Bennus, que cometeu diversos crimes contra o Império. Nêmesis, por sua vez, é uma mãe que teve sua família assassinada pelo Império e jura vingança, resgatando sua ancestralidade guerreira, após gerações de paz. Por fim, Milius é um(a) órfão refugiado(a), leal ao Darrian por salvá-lo(a) da escravidão do Império. Ou seja, a equipe de Kora é formada, substancialmente, por pessoas comuns, que sofreram ataques do Império e juntas prometem vingança. Quem se destoa, aqui, é Darrian que, com sua irmã Devra Bloodaxe, lideram a resistência.
As Sete Virtudes
Em “Os Sete Samurais”, o diretor Akira Kurosawa quis representar, a partir de cada personagem, as 7 virtudes a serem seguidas pelos samurais na era feudal. São elas: Justiça (GI), Coragem (YUU), Benevolência (JIN), Educação (REI), Sinceridade (MAKOTO), Honra (MEIYO) e Lealdade (CHUUGI). Além disso, “Os Sete Samurais” influenciou, ainda, a criação de um dos maiores vilões do cinema: Darth Vader. Foi a partir de um dos antagonistas do filme, que o visual todo do vilão da franquia de Star Wars surgiu. ~ Thaoana Bokel, do Portal Eu Amo Doramas, na palestra sobre Arika Kurossawa, no evento de 20 anos de Anime Friends, em 2023.
Em Rebel Moon
Embora a equipe de Kora não possa se igualar aos preceitos militares dos samurais, as sete virtudes são materializadas nos sete combatentes de Rebel Moon. Trata-se de uma influência, não de uma cópia. Assim, temos Gunnar que é leal à sua aldeia e se vê na obrigação de protegê-la por questões de sobrevivência; ele representa a virtude da Lealdade (Chuugi). Kora, por sua vez, perdeu o significado de família e amor, o que lhe resta é a bravura heróica e a coragem para lutar por sua liberdade, ao parar de se esconder; representando a virtude da Coragem (Yuu).
Tarak, o príncipe herdeiro de Neu-Wodi, tem em si a honestidade como maior característica. Sua sinceridade se apresenta ao admitir seus crimes contra o Império e honrar sua dívida de 300 mil darams ao Hickman, seu atual senhorio. Para ele, o ato de mentir é covarde e desonroso; representando a virtude da SINCERIDADE (Makoto). Já Nêmesis, teve sua família assassinada pelo Império, em Byeol, seu planeta natal. Mesmo assim, seu código de conduta é respeitar a história de seu oponente e tratar os demais com polidez e cortesia, valores fundamentais de sua cultura ancestral. Ela representa a virtude da EDUCAÇÃO (Rei).
“Não há nada a celebrar. Não há honra nenhuma nisso. Poderia ser, facilmente, qualquer um de vocês deitado na sargeta de algum mundo esquecido”.
Quando o Império sofreu o golpe que assassinou o rei e sua família, o General Titus teve uma crise de consciência. Seu senso de justiça e honestidade o fez se rebelar contra o Império, o que resultou na morte de seu exército e seu exílio. Agora, ele busca justiça, acima de sua própria vingança; representando a virtude da JUSTIÇA (Gi). Já Milius, segue Darrian por amizade e devoção, demonstrando compaixão, amor e atos de solidariedade e nobreza. Sua virtude é a BENEVOLÊNCIA (Jin).
Compartilhando a mesma Virtude
Darrian Bloodaxe acreditava na causa da revolução, contra o Império. Ele e sua irmã Devra compartilham a linhagem cultural com o planeta Sharaan, do Rei Levitica. No filme, ele diz que “sua civilização viveu e prosperou, ao longo de 10 mil anos, tendo a Honra e a Caridade como os maiores valores”. Darrian carrega, em si, a honra, a glória e a caridade, então representa a virtude da HONRA (Meyio).
Jimmys, são guarda-costas robóticos que tinham o objetivo de proteger a linhagem real e aguardar o retorno da mítica Issa. Após a morte da família real, ficaram sem propósito de existência, guardando suas armas e recusando-se a lutar. No entanto, quando um dos Jimmy conhece Sam, a camponesa de Veldt, algo muda. Sam desperta nele a honra e um novo propósito. A mesma virtude se destaca, aqui.
Por fim, tanto em Os Sete Samurais, quanto em Star Wars, os grupos formados para lutarem contra as forças inimigas, são heróis. Em Rebel Moon,
“Não há heróis, há rebeldes.”
Star Wars
Rebel Moon adota o óbvio de qualquer filme de ficção científica de aventura intergalática, já que é impossível fugir disso, desde 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968). Nem mesmo Star Wars conseguiu, trazendo influências claras de Flash Gordon, Star Trek e filmes de aventura e guerra de Akira Kurossawa. Entretanto, as obras de George Lucas tiveram uma boa recepção, sendo recebidas como “notáveis influências”. Quaisquer uma do Zack, são criticadas. ~ Talvez, porque os críticos atuais opinam mediante suas opiniões estritamente pessoais ao diretor, não às suas obras.
“Star Wars é uma homenagem aos filmes de aventura que assisti na matinê dos cinemas em minha infância, entretanto com elementos sociais, da psicologia e com uma mitologia própria.” ~ George Lucas, no painel de 40 anos da saga, na convenção de fãs Star Wars Celebration, de 2017.
Contudo, enquanto o primeiro carrega um misto de magia (entendida como “a força”) e de código de conduta entre os combatentes, Rebel Moon foca-se quase totalmente na vingança, na violência e na luta pela sobrevivência humana. “A Força”, em Star Wars, é um campo de energia que se conecta com todos os seres vivos na galáxia, cujo poder só podia ser utilizado por indivíduos sensíveis a ela. Poderes como a habilidade de sentir ataques iminentes, manipular fisicamente objetos, influenciar os pensamentos de outros e até mesmo ver o futuro ou manter a consciência depois da morte, só eram sentidos através da conexão com A Força. Neste sentido, os usuários do lado sombrio comumente podiam expelir eletricidade das mãos.
Em Rebel Moon, todos os combatentes são humanos e não possuem habilidades ou magias divinas, tampouco são regidos por uma Força maior, que não o sentimento de rebeldia. Suas motivações são pessoais e seus instintos são de sobrevivência, e cada planeta possui um código de honra, força e conduta.
“A Força” de Rebel Moon
Por outro lado, ao trazer as figuras dos Sacerdotes do Império, como “os enigmáticos guardiões do conhecimento e da religião do Mundo Mãe”, Snyder faz deles, “discípulos tecnológicos de sua religião obcecada por dados – um componente crucial para o poder do Mundo-Mãe“. A religião, aqui, compreende-se pelo conceito literal de conjunto de crenças e práticas sociais que se relacionam com a noção de sagrado, ou seja, o conhecimento é sagrado para o Império, não a energia d’A Força’. Da mesma forma, “os Escribas registram eventos holisticamente com suprema fidelidade, baixando os dados em ‘páginas’ – seres humanos, cujo DNA preparado contém bibliotecas da história registrada do reino.” Assim, são “as testemunhas definitivas da majestade, da tragédia e da vontade de poder do Império.“
Em outras palavras, uma vez que o conhecimento é o poder do Mundo-Mãe, estes podem ser passados de um ser humano a outro, por meio da tecnologia. Assim, as memórias e histórias do reino não ficam registradas em livros, mas em um DNA preparado. De certa forma, isso explica os conectores no corpo de Atticus Noble ao trazê-lo de volta à vida, ou ao recarregar-lhe as energias, após uma batalha.
Referências claras
No entanto, quem mais se aproxima do conceito mítico de Star Wars é a Nêmesis. Ainda segundo o Guia Detalhado de Rebel Moon, ela é “uma mestre espadachim, cujos braços foram cortados no cotovelo e substituídos por um par de manoplas protéticas mecanizadas que lhe permitem empunhar espadas quentes derretidas com velocidade e habilidade incomparáveis.” De igual importância, suas espadas são ancestrais, cuja a forja em aço oráculo, queima com o fogo vingativo de seu mundo natal. Visualmente falando, suas espadas assemelham-se aos sabres de luz dos Jedi, bem como suas habilidades e código moral. Contudo, são influências, não cópias.
“Um Jedi usa a Força para conhecimento e defesa, nunca para ataque”.
Os Jedi e outros personagens heróicos de Star Wars, inevitavelmente precisam recorrer à violência, às vezes, para a defesa de si e a outros necessitados. Esta violência não é glorificada, como em Rebel Moon. Os rebeldes que formam a equipe de Kora se destacam pela sua violência, esta glorificada em toda a sua jornada, através da câmera lenta.
Ambientação
Além disso, Star Wars ocorre “há muito tempo, em uma galáxia muito distante”, galáxia esta que possui características semelhantes a Via Láctea. Já o universo de Rebel Moon é o mesmo que o de Army of the Dead, em um futuro distópico, cuja galáxia é totalmente original. Ademais, as histórias ocorrem em um sistema planetário de mundos e luas habitáveis, que giram em torno de dois sóis gêmeos. Embora também apresente um império impiedoso, marcado por traições e ganância, Rebel Moon traz, ainda, uma realidade cibernética e um plano astral. Desta forma, sai do palpável e se distancia do universo de Star Wars.
Star Wars, ainda, conta com um exército de clones que são fiéis ao Império. Já Rebel Moon, conta com Jimmys que perderam seu propósito, e até o momento apenas um deles o reencontra em Sam, cuja força silenciosa e pureza de espírito aceleram o coração de Jimmy. E, ao que tudo indica, os Jimmys se rebelarão contra o Império.
Iconograficamente, ambos os universos se parecem, há um repertório e uma representação visual de personagens e imagens parecidas, mas não iguais. Estética e historicamente, se diferenciam. Em Rebel Moon, por exemplo, Snyder criou várias linguagens distintas para o filme, juntamente com seus próprios alfabetos. Stefan Dechant, um dos designers de produção de Rebel Moon, disse que foram criados do zero adereços, figurinos, a moeda, instrumentos musicais, uma iconografia religiosa e histórias de origem. Portanto, mais uma vez, são influências, não cópias.
Vilões e suas histórias
Um dos vilões mais memoráveis de todos os tempos é, sem dúvida, Darth Vader, um jedi que foi consumido pelo lado sombrio d’A Força’. Assim como Darth Vader, Kylo Ren e Darth Maul têm nuances e se destacam não apenas por serem vilões formidáveis e de aparência legal, mas por sua complexidade e conflito interno. No entanto, nem mesmo Maul teve sua história apresentada junto à sua apresentação inicial. Isso aconteceu tempos depois, mas não foi um problema para o público. Inclusive, o Imperador Palpatine, por exemplo, sequer aparecer no Star Wars original!
Já o vilão de Rebel Moon, o Almirante Atticus Noble demonstra seu sadismo e sua natureza sedenta de poder, logo na parte 1 da Saga. Paralelamente, temos ainda o misterioso regente Balisarius, que aparentemente é quem comanda o Mundo-Mãe. No entanto, falta discorrer sobre estes vilões, visando suas motivações, até então pouco exploradas, mas pinceladas. É possível que a série de televisão sobre Balisarius, que está planejada, possa dar mais profundidade ao personagem.
Entretanto, Darth Vader ainda tinha certa humanidade dentro de si, diferente de Atticus Noble, que já se mostra um ditador implacável, que prefere praticar suas “lições” com as próprias mãos, a delegar para súditos que façam o trabalho pesado. Desta forma, apesar de não apresentar um contexto ou uma motivação, Noble é um vilão mais temível, do ponto de vista real.
Público-Alvo
“Criei Star Wars para crianças de 12 anos. Este era meu público-alvo. […] Um filme para as crianças que entram na adolescência e, assustadas, precisam encarar o mundo, onde os pais não são mais o centro de suas vidas e eles precisam de valores como a amizades, a honestidade, a capacidade de se evitar o lado sombrio da Força”~ George Lucas, no painel de 40 anos da saga, na convenção de fãs Star Wars Celebration, de 2017.
Zack Snyder gosta do que é palpável à realidade. Por este motivo, quando pensou em Rebel Moon, quis se desprender da gaiola que seria se manter como spin-off de Star Wars.
As implicações do que poderia estar acontecendo […] agora são uma realidade para mim. Essas são coisas que poderiam estar acontecendo, e teriam acontecido, se olhadas do ponto de vista de um adulto. O aspecto meio sexual e violento disso, […] não aconteceria em um filme de Star Wars. ~ Zack Snyder.
Por fim, o público a quem se destina ambos os filmes é diferente. Sendo assim, é impossível afirmar que, apesar da iconografia parecida, os filmes sejam iguais, ou adaptados um do outro.
Conclusão
Tampouco, para finalizar, é possível afirmar que Rebel Moon seja uma mistura de Star Wars e Os Sete Samurais. Este é um universo completamente novo, muito mais estruturado e, definitivamente, muito mais complexo e aberto. Ainda que as referências sejam claras, é impossível chamar Rebel Moon de ‘genérico’ ou ‘derivado’ e ser levado a sério por isso. Snyder colocou suas ideias no roteiro, embora Kurt Johnstad e Shay Hatten tenham colaborado na construção do universo rebelde. Contudo, não deixou de fora as obras que o inspiraram à carreira de Diretor Cinematográfico.
Portanto, o que para uns é argumento para hate, para Zack e seus fãs, é motivo orgulho. Rebel Moon tem tudo o que inspirou Zack Snyder e o tornou o profissional audacioso que é. É o filme mais Zack Snyder já feito. É tão épico, quanto sua visão cinematográfica. Tão grandioso, quanto o diretor. E tão rebelde quanto sua ousadia em inovar a Indústria de Filmes, tempos após tempos.
Portal Zack Snyder • BR: De fã para fã
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