O roteirista Chris Terrio, vencedor do Oscar com “Argo”, quebra o silêncio de cinco anos para Vanity Fair e é brutalmente honesto sobre os lançamentos nos cinemas dos dois filmes que roteirizou: “Batman vs. Superman” e “Liga da Justiça”.
O corte teatral de 2017 de Liga da Justiça foi um ato de vandalismo. Zack Snyder pode ser muito cavalheiro para dizer isso, mas eu não sou.
(…) Assisti (Liga da Justiça de 2017) algumas semanas antes do lançamento. Imediatamente liguei para meu advogado e disse: “Quero tirar meu nome do filme”. [O advogado] então ligou para a Warner Bros. e disse a eles que eu queria fazer isso.
Nunca disse nada sobre Liga da Justiça desde então, mas o filme não representa meu trabalho. (…) Eu acho que isso (falar sobre na época) teria criado uma onda inteira de publicidade negativa, que tornaria a situação ainda pior para os atores.
Ele acrescenta que Zack Snyder frequentemente apoiava seus esforços para explorar as falhas dos super-heróis. O estúdio, disse ele, preferiu evitar pesadas consequências morais.
Sobre o filme “Batman vs. Superman”, o roteirista foi franco sobre tentar dar sentido aos heróis guerreiros do filme, transformando sua luta em uma metáfora para uma América dividida, enquanto tentava consertar elementos que ele também considerava absurdos ou ofensivos. Funcionários do estúdio, então, exigiram que 30 minutos fossem retirados do corte dos cinemas, provavelmente porque tempos de exibição mais curtos significam mais exibições diárias, muitas vezes resultando em maiores receitas de bilheteria. Terrio disse que esse ato sabotou a narrativa.
Zack Snyder, Ben Affleck e Chris Terrio no set de “Batman vs. Superman”. |
Se você tirasse 30 minutos de “Argo”, como eles fizeram em “BvS”, não faria sentido algum. Os críticos diriam, “que roteiro preguiçoso”, porque os personagens não têm motivações e não é coerente. E eu concordaria com eles.
Eu escrevi rascunhos do filme Batman/Superman, que não se chamava ‘Batman vs Superman: A Origem da Justiça’ por mim. Não dei o nome ao script. Na verdade, descobri como o filme se chamaria junto com o público, na internet. Não fui consultado sobre o título do filme e fiquei tão surpreso quanto qualquer um. Eu não o teria chamado assim.
Não sei exatamente quem deu o nome, mas suspeito do estúdio e suspeito que fosse marketing, para ser honesto com você. Pode ter sido o primeiro passo para criar má vontade com o filme. Suspeito que colocar as palavras ‘Batman’ e ‘Superman’ no título teve algum componente de marketing. (…) Eu ouvi e pensei: soa muito importante e sem noção de certa forma. A intenção do filme era fazer algo interessante, sombrio e complexo, não exatamente como uma luta de WWE como Batman x Superman: A Origem da Justiça.
Terrio esperava que Liga da Justiça fosse uma experiência melhor. Ele estava muito errado.
Chris, também, aponta que uma das vítimas da versão de Joss Whedon para “Liga da Justiça”, foi Ray Fisher que interpretou o Ciborgue. Terrio disse ter criado o personagem para essa história em estreita colaboração com o ator, e mostra-se muito satisfeito com a justiça feita com Snyder Cut.
Estou muito feliz e aliviado que todos esses milhares de artistas, finalmente, puderam ter seus trabalhos vistos pelo público, e todo o trabalho que Zack e os atores colocaram nisso agora podem ser vistos. É uma espécie de presente que recebemos da HBO Max, porque não seria possível alguns anos atrás. (…) O desempenho de Willem Dafoe na história de Aquaman, obviamente a personagem Iris West (Kiersey Clemons) e, mais centralmente, a atuação de Ray Fisher como Ciborgue. Ele sempre foi o coração do filme para mim e significou muito pessoalmente, porque muito do meu coração e da minha vida foram colocados nessa história. Essa é a coisa sobre essa versão da Liga da Justiça, que nada disso foi feito de forma cínica ou para pegar dinheiro, ou uma tentativa de vender brinquedos. Foi realmente pessoal para mim, para Zack e para muitos dos atores.
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