Zack Snyder prioriza história e ideias antes do modelo comercial

Zack Snyder cede entrevista ao site argentino Info Bae, sobre seu novo filme Rebel Moon: Parte 1 – A Menina do Fogo.

— Em Rebel Moon, há muitas referências a filmes e livros clássicos, como Star Wars, Duna, Harry Potter e Starship Troopers. De onde vêm as origens dessa epopeia de ficção científica?

Zack Snyder: Acredito que isso surgiu principalmente de uma espécie de combinação. Como o meu tipo de amor pela ficção científica, amor por Star Wars, amor por, sabe, todas as coisas, basicamente tudo relacionado à ficção científica. Além disso, como você sabe, porque também sou um grande fã de Outland, é claro, os filmes de extraterrestres e, sabe… todas essas coisas estão lá. Mas o que tentamos fazer quando nos sentamos para fazer o filme, é simplesmente tentar dizer, está bem, deixar que as influências aconteçam, onde acontecerem. Não tentar projetá-las, sabe, apenas deixar fluir. Você é o prisma através do qual todas essas coisas vão brilhar. Então, deixamos que isso se expresse conforme a necessidade, em vez de forçá-lo especificamente. Não tentei fazer referências específicas, sabe, ao longo do caminho, elas apenas aconteceram através da minha experiência.

— Bem, e aqui você desempenhou novamente o papel de produtor, escritor e diretor. Como você negocia a decisão final consigo mesmo?

Zack Snyder: Sim, isso sempre acontece. Acho que, graças a Deus, minha esposa é a verdadeira produtora. Muitas dessas decisões são tomadas por ela. Mas sim, sabe, é engraçado, acho que no processo, sabe, a verdadeira luta é entre o diretor e o diretor de fotografia, é aí que acontecem as verdadeiras discussões comigo mesmo. Porque, sabe, usando o chapéu de produtor, o diretor de fotografia sempre quer fazer tudo devagar, filmar apenas na Hora Mágica, tudo tem que ser perfeito. E então, sabe, o diretor e o produtor dizem: Vamos lá, precisamos filmar, há muito o que fazer (risos).

— Os personagens nessas histórias são muito importantes. Como surgiram aqueles que compõem o grupo de Rebel Moon? Cada um tem sua própria lógica, que, por sua vez, se baseia em arquétipos que já conhecemos. Surgiram a partir da história ou você pensou neles primeiro e depois organizou a narrativa em torno deles?

Zack Snyder: Eles, os personagens, foram criados para atender à história. Foi assim que fiz. Ou seja, no processo de desenvolver certas mitologias para o mundo e o tipo de visão de mundo, suas histórias de fundo acabaram transformando-os em personagens muito mais complicados, então, bem, não mais do que eu queria, mas sim muito mais do que eu esperava. E eles continuaram crescendo à medida que avançávamos.

— Bom. E no caso particular do diretor de fotografia que você mencionou, você é um diretor muito visual… Essas imagens surgem de um sonho? Vêm do seu dia a dia, em que você se coloca em um lugar para imaginar isso, como essas imagens surgem?

Zack Snyder: Acho que, para mim, as imagens surgem com muitos dos desenhos que faço, sabe, começo desenhando muito. E acredito que os desenhos em si são realmente onde entram muitos dos elementos básicos das imagens. Para mim, trata-se muito de desenhar essas composições que quero ver. E então tudo evolui principalmente a partir daí.

— O que você acha do certo cansaço do público com grandes sagas que exigem muito consumo de produtos diversos para contar a história? E como isso organizou você quando pensou em Rebel Moon? Porque você sabe que tem um filme poderoso e tem duas partes e isso faz parte de um plano épico maior. Como você navega entre o artístico e o empresarial?

Zack Snyder: Sim, suponho que, sabe, a boa notícia é que realmente tentamos colocar a história e a ideia em primeiro lugar, e depois pudemos adaptá-la a qualquer modelo de negócios que nos ajude a fabricá-la. Acredito que, para mim, sempre sou muito ambicioso no que diz respeito a ideias e projetos. Mas acredito que sempre tentamos construir o mundo primeiro. E também a ideia, antes de tentar descobrir como vamos vendê-la e o que vamos usar para financiá-la, e todas essas questões comerciais necessárias para fazer um filme. Sabe, para mim, sempre é sobre a ideia primeiro, e sempre penso que, se a ideia for forte o suficiente e a visão for forte o suficiente, o dinheiro virá.

— Qual é o seu personagem favorito de Rebel Moon?

Zack Snyder: Meu personagem favorito seria a Kora, obviamente, acho que é meu personagem favorito. Porque ela é realmente o motor de todo o filme e a razão de tudo. Mas, sabe, o Jimmy eu acho que está em segundo lugar. Eu amo o Jimmy, o robô.

— […] As últimas duas perguntas: considerando seu amor por grandes mitos… Qual história mitológica grega ou romana você escolheria para levar para a tela grande se lhe dessem todo o orçamento possível e total liberdade criativa?

Zack Snyder: Que história, que história mítica eu contaria? Bem, acho que, sabe, já fizeram The Green Knight, eu sempre fui um grande fã dessa história. Realmente acredito que não é necessariamente um mito difícil, mas realmente, sabe, sempre quis fazer uma história de Excalibur. Sabe, a lenda do Rei Artur é algo que sempre me atraiu muito, e eu adoro, assisti a todos os filmes e sempre me interessei pela possibilidade de fazer algo por esse lado.

— Li online que estás trabalhando nisso, mas não vamos…

Zack Snyder: Sim, há algo…

— Sem spoilers! Bem, a última. Volto ao início. Madrugada dos Mortos foi seu primeiro filme com um orçamento muito pequeno, e poucos personagens todos em um único lugar. A partir do seu segundo filme, tudo cresceu até hoje, seus projetos são imensos. Você pretende voltar a fazer algum filme independente?

Zack Snyder: Gostaria de fazer um filme menor novamente. Quero dizer, trabalhar bem a ideia. Agora estou absolutamente feliz em ir, sabe, temos esse filme chamado “The Last Photograph” que ainda não filmamos. Mas literalmente, se conseguirmos, serão quatro caras e eu viajando pela América do Sul. Ssabe, tentando fazer algo bem pequeno, com duas pessoas e muito compacto. Só preciso de alguns meses livres para poder sair e filmar.

Via: Info Bae

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