Você já parou para pensar que, mesmo com todos os problemas do Universo construído em Army of the Dead, a vida por lá, simplesmente, continua?
Em Army of the Dead, cuja a história passa-se logo após os acontecimentos de Army of Thieves, nos deparamos com um casal, recém-casado, curtindo a ‘good-vibes’ em Las Vegas, no meio de uma estrada deserta. Por conta da falta de atenção na pista, acabam provocando um acidente com a ‘cavalaria’ da Defesa do Governo dos EUA. Mas, na sequência, o que se abre na estrada e o que desencadeia a epidemia é um cofre. E, dentro dele, a primeira criatura com o vírus zumbi.
A importância do Cofre neste Universo
O cofre tem o seu simbolismo baseado em dois elementos fundamentais que se entrecruzam: o abrir e fechar, o esconder e revelar. De acordo com o dicionário de símbolos, – sim, eu vou apelar para ele, pra concluir um raciocínio – temos o seguinte:
A palavra cofre, em árabe, designa tâbut, proveniente das Tábuas da Lei na Arca da Aliança dos Hebreus. O que se deposita no cofre é o tesouro da tradição. Ao ser aberto, ele serve de instrumento de revelação e comunicação entre a terra e o céu. O cofre possui um simbolismo divino e, portanto, não se deve abrir um cofre de modo ilegítimo. A sua abertura por pessoas sem a devida permissão, representa perigos, pois os segredos divinos não podem ser desvendados a qualquer pessoa.
Talvez, por isso, Dieter não seja, necessariamente, um arrombador de cofres, mas um desvendador. E ele não tenta abri-los de forma ilegítima, mas descobrindo os seus segredos. Em contrapartida, o que o exército americano transportava quando saíram da instalação da Força Aérea dos Estados Unidos, conhecida geralmente como Área 51 (um destacamento remoto da Base Aérea de Edwards, dentro da Área de Teste e Treinamento de Nevada), era aquele cofre. No filme, após o acidente, o cofre foi aberto pelo impacto e o que saiu dele foi um zumbi, aparentemente modificado e extremamente forte. – Poderia ser uma clara analogia ao simbolismo do cofre, que quando aberto de maneira errada, representa perigos?
O Céu e a Terra
Outra analogia, também interessante, é a relação entre o céu e a terra. Em nossa Crítica sobre Army oh the Dead, trouxemos uma especulação envolvendo as aparições no céu, dessas duas luzes, logo nos primeiros minutos do filme. Claramente, após a carga sair da Base Aérea 51, os movimentos das duas luzes são suspeitos. Isso porque além de sumirem do céu com bastante rapidez, elas seguem em direção à carga. Isso dá a entender que podem ser OVNIS, não qualquer outro avião da base aérea.
E se são ‘objetos não identificáveis’, podem estar ligados a alienígenas, certo? Não por menos, no diálogo que se segue com o motorista da carga principal, esta é uma hipótese levantada, após citar o Hangar secreto da Área 51 e a autopsia realizada sobre a carga.
O medo e o buquê
Embora pareça muita ponta solta – e viagem na maionese -, se pararmos para pensar direitinho, num ponto analógico específico, o medo (presente durante todo o filme) pelo desconhecido, também é uma batalha interna de muitas pessoas. Mesmo precisando enfrentar um perigo iminente, a vida continua para todos. Curioso, não?
Além disso, sabe o buquê que a recém-casada solta na estrada, antes de ‘prestar uma homenagem’ ao recém-marido e colidir com a carga secreta? Então, na Grécia Antiga representava o elemento utilizado para espantar o “mau olhado”. – Talvez, não tenha sido uma escolha muito inteligente tê-lo largado no meio do caminho. Nem mesmo a próxima decisão, diga-se. – Em algumas civilizações, também, o buquê era visto como símbolo de fertilidade. E fertilidade lembra reprodução, o que também pode remeter à fácil e rápida multiplicação dos zumbis, no Universo construído por Snyder.
Um alerta imprevisto
Contudo, revendo o filme, depois da experiência de assistir, em primeira mão, Army of Thieves, é possível chegar, facilmente, nesta conclusão. A de que a vida precisa seguir o curso, independente das adversidades.
Por exemplo, uma das coisas que me causou surpresa, foi após o salto no tempo, onde a epidemia zumbi já estava instalada. Na ocasião, houve uma votação histórica no Congresso, onde aprovaram, por uma margem pequena, a eliminação do restante da horda zumbi. Na trama, essa era uma promessa de campanha presidenciável, o que significa dizer que entre todos os eventos que antecederam Army of Thieves e os que se sucedem em Army of the Dead, a vida de toda uma população, simplesmente, continuou.
“Por uma margem pequena”, chega a ser assombroso. Afinal, estamos falando de criaturas que se multiplicam de forma rápida e assassina, vivem em espécies de “tribos”, sendo eles, “mortos-vivos inteligentes”, oras! Por este motivo, não consigo não pensar em analogias, ou críticas sociais, quando tento refletir sobre essa passagem. O esperado seria um resultado unânime, não? Quem, em sã consciência, e por quê, defenderia a continuidade de uma horda de zumbis, na cidade abandonada?
Críticas Sociais
Assim, julgando pelo fato de lá se encontrar um cofre do cassino com US$ 200 milhões, podemos concluir que “pessoas ambiciosas” ou mesmo os “políticos gananciosos”, fossem os mais interessados pela sua permanência. Mas, também podemos levantar hipóteses quanto aos grupos de direitos civis que defendem todos os tipos de causas, uma vez que, segundo a trama, nenhuma evidência de infecção havia sido detectada no campo. – Neste caso, em detrimento da própria existência. E se, aí, você também enxergou uma leve crítica social, bem-vindo(a) ao clube!
A resposta para a pergunta acima, vem no debate em TV aberta, com uma representante deste grupo levantando a hipótese de presos políticos estarem na cidade abandonada. O que atesta que Army of the Dead tem várias críticas sociais esperando para ser descobertas.
O fim do estuprador
Zack Snyder é conhecido por fazer críticas sociais em seus filmes. Em quase todas as suas produções, seja em curtas ou longas, como Sucker Punch, Zack traz uma crítica inquestionável sobre homens abusivos e tóxicos com as mulheres. Com certa frequência, no entanto, propõe um fim radical a eles: a morte. Em Army of the Dead não foi diferente. Em várias cenas, vemos o policial responsável pelo Campo de Quarentena, que está para ser evacuado, sendo grosseiro e sexualmente abusivo com as mulheres, até mesmo as voluntárias, como a Kate, filha de Scott.
Eu diria que esperava não ter que fazer isso, mas seria mentira. […] E nem todo mundo abusa de poder contra mulheres, na quarentena. […] Eu vi o que você fazia com aquelas mulheres. Seu estuprador de merda!
O policial Burt Cummings tem um fim trágico, é levado pelos zumbis alfas, depois de ser usado como oferenda pela Lilly, a Coiote, para demonstrar submissão aos zumbis alfas.
Outras considerações
Além disso, no Campo de Quarentena McCarran, de Las Vegas, até mesmo os voluntários são tratados como detentos. Como aquela instalação estava em processo de evacuação, os guardas pedem aos detentos que embarquem no ônibus, apresentando um cartão de vacinação atualizado. – Tenho certeza de que captou essa muito bem. No entanto, o filme foi lançado em maio, quando o assunto estava ainda em debate nos países, referente à Pandemia do Covid-19. No mínimo, curioso!
O acampamento, por si só, também é estranho. Afinal, se o governo estava evacuando uma área de Las Vegas, por que quem estava lá, como voluntário, queria fugir dali? Por que o dinheiro, neste momento, ainda poderia ser uma moeda de troca? 5 mil comprar a fuga, para evitar ficar ‘preso’ em Barstow? A não ser que a crítica, aqui, seja mais referente à ganância, não há muita explicação.
No entanto, outro ponto chama atenção: “O primeiro sinal de infecção é a agressividade e o comportamento fora das normas sociais”. Não parece estranho que logo o que, socialmente, fosse visto como resistência, fosse trazido para dentro do filme? – Mas, sigamos.
O filme, também, mostra a capacidade das pessoas se adaptarem a uma realidade alternativa, como Mikey Guzman, que nada mais, nada menos, continua promovendo lives em sua rede social, ganhando likes por quantos zumbis mata, pelas ruas de Las Vegas. Dieter, após Army of Thieves, segue a vida abrindo cofres, enquanto outros personagens, como o próprio Scott Ward, mantém seu emprego em uma lanchonete.
“O show tem que continuar”
Embora nem todos tenham tido experiências matando zumbis, como o caso do Dieter, é evidente que todos seguiram suas vidas como puderam. Adaptados ou não, continuaram trilhando seus caminhos. Se por um lado, acompanhamos a história de Army of the Dead, focando apenas no subgênero “roubo de cassinos”, com uma ameaça bizarra de uma “horda de zumbis”, por outro, precisamos lembrar que Zack adora uma crítica muito bem construída e uma mensagem singelamente acrescentada nas entrelinhas. Também devemos nos ater ao fato de que nenhuma resposta é fácil conseguir. Como resultado, novos questionamentos, constantemente, vão surgindo.
Enquanto o abridor de cofres, Dieter (Matthias Schweighöfer), busca descobrir os segredos dos mais difíceis e seguros cofres da Europa, os jornais televisionam a realidade nua e crua em Las Vegas. Ao mesmo tempo, o vírus que transforma todos os seres vivos em zumbis se multiplica e se espalha exponencialmente. Mas, nem todos os espectadores demonstram real atenção ao perigo ou entendem a grandeza da “epidemia” anunciada. Já por aí, é possível fazer um paralelo com a falta de empatia de alguns povos com o que acontece nos países vizinhos ou de outros continentes. – Conhecendo o Zack, seria uma crítica social e tanto.
Conclusão Pessoal
Entretanto, uma outra forma de pensar a respeito, é levar como aprendizado que: “O mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo”. Tirando a parte religiosa do exemplo, a questão pode, mesmo, ser outra. “Não esmorecer ou se entregar, por conta das dificuldades, mas buscar seguir a vida, apesar delas”, como por exemplo. Quem acompanha as obras e vida de Zack Snyder, sabe que ele tem uma preocupação sobre a Saúde Mental. Por isso, não seria de se estranhar uma mensagem dessa em mais um longa seu, seria? Sendo um original, menos ainda.
Por este motivo e sabendo que temos muito mais a explorar no Universo de Army of the Dead, deixo em aberto para quem mais quiser contribuir com as teorias. O que vocês acham disso tudo? Concordam comigo? Lembram de mais alguma passagem que sugira mais analogias como essas? E se eu te dissesse que tem quem acredite que os personagens de Army of the Dead estão presos em um looping temporal? – Mas, isso é assunto para um outro texto.
Conte para mim, nos comentários! Vou adorar saber!
Obrigada pela leitura e até a próxima!
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4 comentários
Santo Snydeus de misericórdia… Como que eu não percebi isso (a maioria no caso). Mandou bem d+ Raquel… Vou ficar sem sono pensando nisso tudo… kkkkj
Meu Deus, como que eu naum vi tudo isso nesse filme? Menina do céu……….. tu me abriu a mente, agora, de uma maneira que, caralho! Eu tô besta… Mas faz sentido, sabe. Pra começar, naum tinha visto nem as duas luzes no céu, daí quando li aqui resolvi assistir de novo pra achar tudo isso que citou e caraaaalho, tava tudo lá, tava na minha cara e naum tinha visto nadaaaaa. Se fosse cobra, me picava!!!! Valeu mesmo, principalmente sobre o lance da resistência, chamou minha atenção. Muuuuito bom!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!