O título “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas” ganhou o selo de “crítica”, mas a minha intenção com o texto é mais fomentar uma visão sobre como devemos deixar a paixão (gosto pessoal) de fora, ao fazer alguma análise artística. Portanto, se está aqui para saber spoilers, acontecimentos e observações sobre o filme, digo que não será o tipo de leitura que encontrará. Não necessariamente. Mas, também vale a leitura!
Ano: 2021
Direção: Zack Snyder
Gênero: Terror | Ação
Lançamento: 21 de maio de 2021
Duração: 2h 28m
Produção: Deborah Snyder | Wesley Coller | Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder | Shay Hatten | Joby Harold
Trilha Sonora: Junkie XL
Classificação Indicativa: +18
Sinopse: Scott Ward (Dave Bautista), um desabrigado de Vegas e ex-herói da guerra zumbi que agora vende hambúrgueres nos arredores da cidade, é abordado pelo magnata dos cassinos Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada) com uma proposta tentadora: invadir a cidade cheia de zumbis para roubar 200 milhões de dólares de um cofre antes de o governo bombardear Vegas em 32 horas.
Papo Reto Inicial
Uma coisa são as expectativas que alguns colocaram sobre o filme, outra coisa é a qualidade. E é isso o que a grande maioria, que avalia um filme, não sabe separar. Uma produção não atender as suas expectativas é o mesmo que uma pessoa não ser como você idealizou. Não é porque não foi como esperava que não presta. Isso precisa ser definido, tanto antes de assistir, quanto antes de dar sequência a esta leitura.
“Army Of The Dead: Invasão em Las Vegas” superou minhas expectativas, porque fui na intenção de que veria algo na linha de “Madrugada dos Mortos” e, particularmente, me surpreendeu. No entanto, é claro que, se eu estivesse esperando algo como “The Walking Dead” ou “Invasão Zumbi: Train to Busan ou Península”, poderia correr o risco de me decepcionar e julgar uma obra dessas, com certa injustiça e indiferença.
Zack Snyder inovou o gênero “Zumbi”, trazendo para sua história personagens mortos-vivos “inteligentes” e que vivem numa espécie de “colmeias” ou “formigueiros”, com líderes e instintos aprimorados, chamados Alpha. Choca, inclusive, ao expor o vírus, causador do apocalipse Zumbi, aos animais, no caso, um tigre. Afinal, se é um vírus, todos os seres vivos poderiam contraí-lo, certo? – Calma, biólogos, eu chego lá!
Tirando a parte biológica da questão e das explicações sobre patógenos, essas ideias por si só provam, mais uma vez, que Zack Snyder continua sendo visionário, mas pouco compreendido por parte de um público que ou espera demais – ou de menos – ou, ainda, desconta sua frustração (pra não dizer raiva gratuita) com a figura do diretor, em todas as suas obras.
No caso de “The Walking Dead”, por exemplo, o que causou a epidemia zumbi da série, foi um vírus modificado em um laboratório particular francês, com envolvimento dos EUA e outros países e, neste caso, o patógeno afetava, exclusivamente, a espécie humana. No entanto, em jogos como “Fallout 4”, vemos que a ideia não é muito inovadora, visto que depois do apocalíptico caos nuclear, alguns animais também tiveram modificações genéticas e radioativas. Já no filme “Eu sou a Lenda”, os animais também foram afetados diretamente com o vírus que, inicialmente, deveria ser a cura da AIDS, mas que acabou saindo do controle. E, por fim, em “Invasão Zumbi: Train to Busan”, uma das primeiras cenas é um animal se debatendo após uma mordida de um zumbi.
O que quero dizer, aqui, é que não me parece motivo suficiente para criticar negativamente o Tigre Zumbi de Zack Snyder, aliás, ao contrário das críticas que vimos até aqui, me parece ser bem razoável que neste universo, o vírus possa afetar qualquer espécie viva, bem como nos acima citados. – Então, o problema é o diretor? Fica a questão. – E, francamente? Todas as cenas com o Tigre Zumbi são impressionantes!
Vamos ao que importa!
De modo crítico, ao noticiar a existência deste vírus nas emissoras de TV (cena presente no filme Army of Thieves, sequência do universo, mas que se passa antes da Linha Temporal de Army of the Dead), quando ainda estavam tendo os primeiros contatos com os zumbis, podemos notar que nem todos os espectadores davam real atenção ao perigo ou entendiam a grandeza da “epidemia”. – Em plena época de pandemia, quando foi lançado o filme, em streaming, qualquer semelhança é mera coincidência?
Embora não fosse possível enxergar essa crítica de Snyder em Army of the Dead, o que chama bastante atenção é o fato de os personagens continuarem vivendo suas vidas, mesmo sabendo que dividiam seu habitat com os zumbis. Eles, literalmente, tiveram que aprender a lidar com o vírus e o caos zumbi, e normalizarem-nos em suas rotinas. A primeira cena mostra esse cenário, mas as que se seguem demonstram mais claramente ainda a decisão tomada por parte de toda a população envolvida. – Seria uma menção ao que vamos enfrentar daqui pra frente com a Covid? Vou deixá-los com essa pulga atrás da orelha.
Conexões ou Devaneios?
Em nosso artigo “Os alienígenas de Army of the Dead podem usar os mistérios mais antigos de Zack Snyder descartados pela DC”, – calma, não se desesperem, vou chegar aos zumbis – contamos que, na cena de abertura do filme, um par de OVNIs são vistos brevemente no céu. Informamos, ainda, que durante o episódio 4, de Snyder School, promovido pela Netflix, Zack Snyder fez referência à cápsula aberta na nave Kryptoniana, em O Homem de Aço, enquanto discutia as origens dos Zumbis Alpha de Army of the Dead.
Mas, o que isso tem a ver? Explicamos no texto que é possível que a ideia central, descartada pela DC, possa ter sido usada nesta primeira produção da franquia, ou seja, a ideia básica do mistério Kryptoniano que estaria no casulo aberto, pode ser adaptada para as origens dos zumbis, em Army of the Dead.
Hipoteticamente, a chegada de alienígenas à Terra, séculos ou mesmo milênios atrás, poderia ser a origem distante dos zumbis, com o governo descobrindo um morto-vivo, trazendo o alienígena e sua tecnologia de volta à Área 51 e iniciando, assim, os experimentos que desencadeiam a calamidade do filme, que pode acabar sendo a origem mostrada na série animada, Lost Vegas. Isso também explicaria os OVNIs vistos na abertura do filme”.
Claro, tudo não passava, na época, de uma teoria maluca, – que traduzimos – mas não é preciso muito esforço pra entender que um pequeno acidente envolvendo a Defesa do Governo dos EUA, fez com que a epidemia zumbi se espalhasse com mais rapidez, em Army of the Dead. Além disso, o mais curioso é o diálogo que se segue, comprovando esta teoria, logo no início do filme:
– Olha só, eu pensei numa coisa. E o módulo lunar que supostamente ficou na lua?
– É, gostei da referência temática extraterrestre, considerando de onde estamos vindo.
– Então, você acha que tem uma chance..
– De quê?
– Chance de estarmos transportando, você sabe o quê. O Santo Graal.
– Ah, claro, pode ser o Santo Graal.
– Não o Santo Graal de verdade, mas o que não deveríamos transportar.
– O quê?
– Vou ter que falar em voz alta?
– Sinceramente, não entendi. Qual o mistério?
– Área 51, Hangar Secreto, Autópsia… Tudo bem, vou dizer: Alienígena.
Podem falar o que quiserem de Zack Snyder, mas não que ele deixou de ser visionário. Quem o conhece e o admira, sabe que ele gosta de brincar com o seu fandom, dando sempre mais do que esperam, nas entrelinhas. É claro que, para quem tem preferência pelo enredo mastigado e fechado, se foca, apenas, no que é apresentado e aí, um enredo como Army of the Dead, não é totalmente envolvente.
O enredo
Como pincelamos, neste filme da franquia, a cidade de Las Vegas é tomada por uma infecção zumbi após a fuga de um experimento da Área 51. Os militares agem rápido para isolar o local e manter todos os zumbis, no interior, cercados com muros, como se formassem uma barreira. Com a praga controlada, o resto do mundo atingiria um grau de normalidade e o governo decidiria exterminar os mortos-vivos com uma bomba nuclear.
Só que Army of the Dead não é apenas um filme de apocalipse zumbi, com grito, mordidas, tiro na testa, sangue e correria. – É inovador ao nível de Zack! – Isso porque incrementa a trama com uma pitada de ação policial, onde você se vê torcendo para os bandidos. Afinal, o ex-soldado Scott (Dave Bautista) recebe a proposta de montar uma equipe e invadir a cidade (que está cercada com muros, criando uma barreira para os zumbis), em suas últimas horas, para saquear o cofre de um cassino, que foi deixado para trás com US$200 milhões.
Separadamente, os dois gêneros não são inovadores, mas a junção dos dois é o que fez com que Army of the Dead ficasse no Top 1 de cenas de mortes mais icônicas de 2021, de acordo com o site Fandom e entre os 10 melhores filmes de 2021, junto com Liga da Justiça de Zack Snyder, para o IMDb. Além de ter liderado o top 1 da Netflix no fim de semana de estreia e reaparecido no seu Top 10, após o lançamento da prequel Army of Thieves (mesmo sem ter recebido o mesmo marketing que o primeiro), também aparecendo nas paradas de streaming da Nielsen, sendo, de longe, o título mais visto na Netflix, Hulu, Disney+ e Amazon Prime Video, durante a semana de 17 à 23 de maio.
O elenco e as tomadas
Cada membro da equipe possui habilidades respeitáveis e uma história de vida única, que vai sendo contada aos poucos, conforme a história se desenrola. Embora a química entre eles seja fantástica, nem todos os personagens recebem, com clareza, destaque para o passado, entretanto, como pode-se ver, com Army of Thieves, a intenção de Zack Snyder, de fato, não é entregar tudo num único filme. Então, algumas lacunas, durante a trama, ficam abertas, aparentemente, de propósito. – O que pode ter passado a ideia de “incompletude” para os críticos mais ofensivos.
A transição entre o Terror e a Ação, em Army of the Dead, flui de forma surpreendente e com marcas autorais bem visíveis de Snyder. Para quem gosta, é um prato moderado, uma vez que é preciso se desprender da ideia a que se espera e curtir a experiência por si só. O filme apresentado tem uma estética divertida e original (no sentido de ambiciosa e extremamente autoral). Algumas conexões, no entanto, ficam à espera de Army oh Thieves e demais sequências da franquia.
Conclusão
Como de costume, Zack Snyder adora colocar pitadas de críticas sócio-políticas em suas obras, e cá está mais uma. Para quem assistiu Squid Game (Round 6), meses depois, talvez tenha conseguido fazer uma boa analogia com o bilionário que assiste ao fim do mundo, confortavelmente de sua cobertura, com um uísque em uma mão e, na outra, um iPhone de última geração, enquanto seus contratados matam e morrem para cumprir uma missão ingrata e suicida.
Contudo, por conta disso, durante a trama, você percebe que, dentro de suas organizações sociais, os zumbis possuem mais humanidade que os próprios humanos, seres desprovidos de sensibilidade e empatia.
Pela questão “qualidade”, – se é que sou capaz de opinar, já que não sou crítico cinematográfico profissional e minha opinião é totalmente baseada como telespectador – esse é o filme da redenção do Zack. Ele entregou algo íntimo dele, sem enfeitar, fez o básico, com toques no atual. Numa visão íntima e particular minha, é um ótimo filme do gênero “zumbi”, que vem pra somar nas próximas produções semelhantes e no universo compartilhado, já em desenvolvimento, na Netflix.
Sugiro que quando forem assistir, ao invés de comparar Army of the Dead com outras obras, de ambos os gêneros, curtam a construção do universo e a liberdade explorada do diretor. Garanto que vão mais se surpreender, do que se decepcionar!
Bônus
A Netflix liberou um documentário da produção do filme, onde Zack Snyder e a equipe falam sobre as gravações, curiosidades e o gênero “zumbi”, na versão do diretor.
Nos bastidores de ARMY OF THE DEAD: Invasão em Las Vegas, possui 20 minutos de duração e está disponível neste link.
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