Com quatro horas de cenas incríveis a Liga da Justiça de Zack Snyder marcou à todos que assistiram. Como uma marca de seu trabalho, o Zack gosta de focar nas relações humanas e emocionais de seus personagens, sendo eles principais ou secundários.
E uma dessas relações que marcou bastante, é da garçonete que foi ajudada por Ciborgue (Ray Fisher), interpretada por Amanda Maud. Na época do lançamento do Snyder Cut, a atriz recebeu o carinho dos fãs ao perguntar, em sua rede social, se dessa vez estava no filme. Desde então, foi abraçada pela fanbase, participando com frequência em podcast, lives e entrevistas sobre o Snyderverse.
Amanda nos contou como foram os bastidores de Liga da Justiça de Zack Snyder, cutucou algumas pessoas e falou um pouco sobre sua vida e a representatividade ásio-americana.
Você pode conferir a entrevista na íntegra em nosso canal do Youtube. Logo abaixo, segue a transcrição de mais uma entrevista exclusiva, realizada para o SnyderCutBR, sua maior fonte de notícias sobre Zack Snyder no mundo!
SNYDERCUTBR (Ingrid): Olá, Amanda! Muito obrigada por estar aqui, em nome do SnyderCutBR, o maior portal sobre o Zack Snyder do mundo!
AMANDA MAUD: Uau!
SCBR: Eu conheci o seu trabalho pelo Snyder Cut, mas eu te conheci pelo twitter. Com um tweete que você fez perguntando se realmente estava no filme. E como foi isso para você, como você descobriu que estava?
AM: No dia, com um minuto que postei, as pessoas começaram a responder. Então eu descobri na hora, mas depois virou outra coisa, cada vez mais pessoas foram respondendo e curtindo e me seguindo e foi virando uma coisa enorme. Eu ainda não acredito que aconteceu, foi simplesmente maravilhoso!
SCBR: E qual foi a sensação de se tornar viral?
AM: Foi bem diferente. Chegou ao ponto do twitter bloquear a minha conta, porque estava tendo muita atividade. O que não era comum. [risos] Eu fiz muitos amigos de twitter. Como atriz você acaba não recebendo muita validação, saber o que as pessoas acharam do que você fez. Então foi muito, muito especial poder receber todo esse suporte, todo esse amor, e essas mensagens. Então, é, foi muito especial!
SCBR: Ah, isso é ótimo! E foi a sensação de estar em um filme tão importante quando a Liga da Justiça de Zack Snyder? Eu acredito que estar no filme da Liga da Justiça já era ótimo, mas com tudo que aconteceu, com os fãs querendo isso, meio que ficou maior de alguma forma.
AM: É, eu acho que ficou sim! Não que eu queira que as coisas acontecessem como aconteceram. Você sabe, por causa da filha do Zack e o corte do Joss Whedon ser do jeito que foi. Mas com os movimentos pedindo pelo Snyder Cut significaram que a visão do Zack poderia ser completamente realizada. Você sabe, que tudo que ele tinha pra dizer, foi dito, quase tudo. Quero dizer, é épico! É uma tremenda conquista! Pensar que eu fiz parte disso, é surreal. Eu sabia que seria algo grande quando eu participei, mas se tornou algo maior porque foi sobre uma causa, foi sobre justiça, justiça para a Liga da Justiça! E foi sobre muitas coisas, sobre a mensagem sobre as pessoas de diferentes cores, e sobre mulheres, e sobre pais e filhos, tinha tanto nisso que tinha sido perdido. E eu fiquei muito feliz, não só por mim, mas por todos, por ter saído esse filme!
SCBR: Eu ia perguntar isso depois, mas… o que você acha do movimento orgânico criado pelos fãs para a liberação do Snyder Cut? Já que já estamos falando nisso.
AM: Eu acho maravilhoso! É usar as redes sociais como um poder para o bem. Tem tanta negatividade nas redes sociais, virou uma desculpa para as pessoas serem desagradáveis e rudes, e fazer isso anonimamente. Então usá-la de um jeito que esta unindo as pessoas e poder chegar a objetivos tangíveis. Talvez esse seja o jeito, de mais pra frente, as redes sociais se tornarem um meio de se conectar ao invés de dividir.
SCBR: Sim, sim! E como foi estar no set? Como foi o processo de seleção de papéis? Como foi estar lá?
AM: Bom, o processo de seleção, você só vai! Bem, esses dias você só faz uns vídeos, ou faz via vídeo chamada. Mas, naquele momento, eu só fui lá. Eu estava com um dos assistentes do diretor que tava fazendo a seleção. Nós gravamos as cenas e falamos sobre quem eu era, nós rimos e foi divertido. E então, eu não ouvi mais nada deles por um bom tempo. E geralmente, eu só não fico pensando nisso. E aí a minha agente me ligou e falou: “Você ta disponível pra fazer um teste de figurino nesse dia?” E eu fiquei: (Amanda fez uma cara de espanto) Então, foi como uma surpresa! É maravilhoso! E eu não tinha tomado noção. Eu achei que fosse uma cena. Eu achei que fosse a cena do caixa eletrônico. Então, quando eu fui para a prova dos figurinos, eles me mostraram o uniforme de garçonete. E foi ótimo. Então, eles me mostraram uma arara com várias roupas, e falaram: “Aqui estão os seus outros figurinos”. E foi aí que eu percebi que era mais de uma cena. Eu tinha uma identidade, um passe pro ônibus. Eu descobri no dia da prova de roupas, foi aí que me falaram: “Não, você tem muitas cenas!” E foi ótimo, foi emocionante! Eu fui ao set e conheci as crianças que seriam meus filhos… E fiquei: “Meu Deus, eu tenho filhos!”
SCBR: Tem toda uma historia por trás!
AM Sim! Clay Staub foi o diretor responsável pela minha parte e ele foi maravilhoso, dava muito suporte! Ele realmente me ajudou a dar o melhor que eu pude na atuação. Porque eu nunca tinha feito algo tão grande quando isso. E eu fui até o local da gravação e tinham vários pequenos sets, que eram MEUS sets! Meu apartamento, meu mercado. Foi muito diferente! Então eu tive que focar muito, se não eu teria ficado muito emocionada e teria entrado em pânico. E na noite da grande cena, com o Ray Fisher, e o Zack, e a chuva, e a grua filmando… Era algo enorme! Meu coração começou a bater tão forte, que eu fiquei com medo de que seria ouvido pelo microfone! Eu fiquei: “Não estrague tudo! Não estrague tudo! Não estrague tudo!” Foi surreal! Foi diferente de tudo que eu imaginei fazer! Eu não poderia nem imaginar isso! Eu não poderia imaginar o quão maravilhosos foram o elenco, Clay, o diretor que me dirigiu. E o Zack Snyder foi muito amigável! Tava todo mundo querendo contar a história! Estavam todos unidos querendo contar a história da melhor maneira que poderia ser contada! […] Então a experiência no set foi… Eu tinha um camarim, eu não sabia que teria um trailer até chegar lá… E tinha uma placa escrito: “Garçonete”. E eu estava no trailer e eles me ofereceram café. E eu: “Okay!”. Era tão estranho! Algumas pessoas disseram que era um pouco parecido com o que a minha personagem passou. Tipo, eu sou só uma pessoa comum na vida, e então do nada eu faço esse filme e as pessoas de repente estão tuitando sobre mim, e falando: “nós te amamos, blá blá blá!”. Então a coisa toda, desde o filme até agora, tem sido uma das melhores coisas da minha vida!
NO SET COM ZACK
SCBR: Você mencionou o Zack, como foi trabalhar com ele?
AM: Eu trabalhei com ele no Set maior, então não tivemos muita interação, porque ele tinha que tomar conta de tudo. Mas eu o conheci! Eu passei vergonha quando o conheci! Eu cheguei e falei: “Oi, Zack, eu sou de Minnesota!” Porque eu li que ele nasceu em Wisconsin, que fica em Minnesote, nos Estados Unidos. E ele pareceu muito confuso, tipo, isso é uma escolha do personagem? Ou alguma coisa do tipo? Mas tudo bem [risos]. Depois que fizemos algumas filmagens, ele me chamou pra dar uma olhada nas cenas. O que foi muito legal da parte dele! E eu tava me vendo na tela, o que era muito estranho, e tinha uma legenda escrito: “Propriedade da Warner Brothers”. E eu falei: “Olha, eu sou propriedade da Warner Brothers!”. E o Zack Snyder virou e falou algo tipo: “Não somos todos?”. Nós somos todos propriedade da Warner Brothers! Então eu pude trocar uma pequena piada com ele. E ele ficava falando para as pessoas coisas do tipo: “Isso está ótimo!”, “Continue fazendo o que esta fazendo!”. Então, não foi tanta interação, mas as que eu tive foram memoráveis!
Amanda presta atenção na televisão ao fundo na apresentadora Ingrid, que deixou rodando o filme Liga da Justiça de Zack Snyder.
AM: Desculpa, eu tô assistindo o filme agora. (Se referindo ao filme que estava passando na televisão atrás da Ingrid).
SCBR: Eu botei pra criar tipo um cenário aqui. É o Bruce Wayne agora!
AM: Sim… e o Flash! Eu tô torcendo para que saia nos cinemas! Eu adoraria assistir na tela grande!
SCBR: Eu também! Eu adoraria isso! É uma pena que não conseguimos.
AM: Bom, com a fusão, não sabemos o que pode acontecer. Tem muitas pistas sendo lançadas por muitas pessoas, então…
AMANDA TEM ESPERANÇA NO #RESTORETHESNYDERVERSE
SCBR: Eu estava pra te perguntar isso, o que está achando sobre essa fusão?
AM: Bom, todos os sinais parecem bons até agora. A Discovery parece estar promovendo o trabalho do Zack. Parece que estão tentando remediar o que foi feito antes. Eu não sei o que pode acontecer, mas é muito animador! Sabe, algumas pessoas já estão pirando com isso. Eu não tenho todas as informações. Eu não sei muito sobre a história. Então eu não odeio algumas pessoas, mas eu sei que algumas pessoas fizeram certas coisas, que dificultaram para que a visão do Zack fosse realizada. Mas eles se foram! Alguns deles se foram! Eu não sei, as coisas parecem estar boas agora, os sinais parecem positivos. Eu não sei o que vai acontecer, mas os dedos estão cruzados! Isso pode ser a restauração do SnyderVerso! Pode ser isso! Pode ser um filme do Batfleck. Pode ser a Liga da Justiça 2 e 3. Isso seria simplesmente incrível! E o Zack poderia continuar fazendo seus outros filmes também, porque, você sabe, eu não consigo acreditar na quantidade de coisa que ele produz! E o filme é tão profundo! Especialmente quando você pensa em como foi a versão teatral do filme. É tão comovente, toda a história do filme, e toda história no filme, e toda história de como o SnyderCut saiu, e a prevenção contra o suicídio, e a arrecadação de fundos.. É um fenômeno global!
SCBR: É sim! Eu ia te perguntar sobre o corte teatral de 2017, quando ele foi lançado, foi cortado pela metade, e foram adicionadas novas cenas, e etc… Mas a sua parte foi cortada também, como foi isso pra você? Como percebeu que tinha sido cortada?
AM: A diretora do casting foi ótima, ela mandou uma carta a todos que foram cortados. E ela nós contou que várias pessoas foram cortadas, não foi só a minha parte, nem a dos meus amigos. E isso foi muito gentil da parte dela. Porque as vezes as pessoas vão assistir pensando que veriam a si mesmas na tela e não estão. Ou vão assistir uma série achando que vão aparecer e não aparecem. Ou só aparece o rosto deles, por um segundo. Então eu fiquei muito grata que ela me mandou aquela carta. Mas eu ainda quis ir assistir porque eu amo a Mulher Maravilha, e eu amo super heróis! Então eu fui, e eu até gostei até certo ponto. Teve um momento que eu fiquei.. O que esta acontecendo? Eu não estou culpando os atores, não é culpa deles. Mas a família russa, eles prolongaram tanto aquilo, foi tão longo.. que eu pensei: “Sério??”. Não podem deixar eles quietos um minuto? E tem várias coisas que eu não saberia que tinha sido mudado se o Snyder Cut não tivesse saído… E eu fiquei mais indignada, mais chocada, com o que foi colocado e o que foi tirado. Depois que foi cortado. Uma amiga minha uma pequena parte, ela fazia uma policial, e ela também foi cortada. Mas acontece que ela também era uma pessoa não branca… O ator que fez o Átomo, ele foi cortado. O pai do Victor, a mãe do Victor… O Barry Allen e a Iris, tipo, uau! Que cena mais fofa, linda e engraçada! Toda a direção foi tão boa, e bem feita, e simplesmente mostra tudo o que o personagem é, o quão esperto ele é, o quão carinhoso ele é, e também, que ele é um cara, sabe? É só um cara normal que tem esses poderes! E as cenas dele são tão boas! Ah, e a cena da Velocidade da Luz (Speed of Force scene), foi tão surreal! Foi tão transportadora! Pra simplesmente dizer: “Eu não entendi, a audiência não vai entender. Então, corta isso!”. Eu acho que uma parte de mim até entende que se eles pensarem que perderiam dinheiro, eles tomariam decisões a torto e a direito sem entenderem direito o que estavam fazendo. Mas eles sabiam quem estavam contratando! Eles contrataram o Zack Snyder!
SCBR: Então, por favor, deixa o homem trabalhar!
AM: Né? Se eles queriam rápido, e divertido, e frenético, então eles tinham que contratar aquele diretor. Tem espaço pra esse tipo de filme de herói, eu acho que tem espaço pra todo um universo divertido de filmes de herói. Eu cresci com o Superman do Christopher Reeve, e com a Mulher Maravilha da Lynda Carter. Mas sabe, tem espaço pra todo. Mas as pessoas, mudam, elas crescem e tem diferentes tipos de necessidades. E é isso. De qualquer forma, eu ainda amo a Lynda Carter, eu ainda amo o Christopher Reeve. Mas é diferente, sabe? Com o Zack Snyder a gente tem algo muito mais profundo. Todas as histórias, elas são reais de certa forma, sabe? É quase que como… É como se fosse a diferença entre um quadrinho e uma graphic novel. Faz algum sentido? Uma graphic novel tem tantas camadas e no quadrinho você tem um pedacinho da história, uma provinha de algo, mas como a graphic novel você consegue entrar mais na história. Eu não sei se isso faz algum sentido, mas…
SCBR: Não, isso faz sentido! É realmente isso! Eu assisti outra entrevista contigo no Youtube, eu acho que elas foram lançadas junto com o filme, tipo um ano atrás. E você ainda não tinha assistido o filme, agora que já assistiu o que você acha dele? Qual foi sua primeira impressão quando assistiu pela primeira vez?
AM: Eu demorei uns 5 dias pra assistir, aqui foi lançado no Now TV. Então até assinar e separar um tempo pra assistir.. Porque eu queria deixar um horário pra assistir. Não queria assistir de qualquer jeito, sabe? Queria deixar um momento só pra isso. E eu ia assistir, tipo, uma metade e depois a outra metade. Mas eu só continuei assistindo! Fui assistindo, e assistindo, e assistindo… E quando eu acabei de assistir era, tipo, 2 da manhã. Mas eu não consegui parar de assistir! E nos primeiros 10 minutos já deu pra sentir que era um filme completamente diferente! Tinha tanta coisa a mais acontecendo! E, meu Deus, as amazonas eram tão incríveis! É épico! E tem tantos níveis de mitos, e crenças, e relações humanas com o universo e com uns aos outros, e tudo mais.. Eu amei! Eu só assisti duas vezes, porque eu só tive um mês de graça. Porque eu não podia pagar um stream no momento. É por isso que eu to torcendo que saia nos cinemas. Então eu só assisti 2 vezes, mas eu espero assistir mais, muito mais vezes. É um filme incrível! Mas eu preciso separar um momento pra assistir, porque não da pra assistir casualmente. E eu também tenho que escolher bem as pessoas que vão assistir comigo. Algumas pessoas não vão conseguir entender ele. Podem ficar confusas, ou entediadas, quero dizer, não é um filme pra qualquer um. Então, eu prefiro assistir sozinha ou com pessoas que eu sei que vão apreciá-lo. Eu acho que é uma grande conquista, todo ele, a cinematografia, os figurinos, os cenários, tudo, as lutas, o CGI, é tudo inacreditavelmente bom!
REPRESENTATIVIDADE EM TELA
SCBR: Sobre a sua cena, foi uma cena tão importante, ela representa várias mães solteiras por todo o mundo! Como foi interpretar esse papel?
AM: Bem, eu me identifico muito com esse papel, eu trabalhei como garçonete por muitos e muitos anos. E talvez eu até tenha que voltar a trabalhar como garçonete, nunca se sabe… Não é fácil ser atriz e tentar pagar as contas, ainda agora é difícil. Eu tive muita empatia pela personagem, e por ela tentar. Eu já trabalhei muito cuidando de crianças, eu trabalho com isso, é um dos meus empregos. Então trabalhar com as crianças e ampará-las, não só como a personagem, mas como a atriz também. Porque são crianças no set e aquele lugar era enorme! E elas não entendem muito bem, sabe? Tipo, elas fazem a cena e aí tem que fazer de novo. É simplesmente estranho pra elas. Elas acabaram de fazer aquilo e ai tem que fazer de novo, e de novo. Elas não entendem! Então eu trouxe alguns brinquedos e livros pra elas no segundo dia pra tentar amenizar. Porque o menininho não tava confortável, ele tinha menos de 3 anos de idade. Ele era tão pequenininho… E ele queria tanto o pai dele! Eu realmente fiquei sentida por ele. E a menina também, ela ficava: “Ai, eu não acredito que tenho que fazer isso de novo!”. Ela tava indo muito bem e aí alguma coisa acontecia, tipo, uma luz que tava errada e aí pediam pra ela fazer de novo. E ela simplesmente não entendia. Mas eu acho que o momento em que o Snyder Cut foi lançado no meio da pandemia, diz tanto, para e por tantas pessoas que ainda estão passando tanta dificuldade financeira, sabe, tem assuntos importantes, tem pessoas perdendo suas casas por não conseguirem pagar o aluguel durante a pandemia. E eu também percebi que sendo asiática, a minha mãe era chinesa-americana então eu sou metade asiática. Significou muito para muitas pessoas, especialmente sobre o “Pare Com o Ódio aos Asiáticos”, com o aumento da violência contra pessoas asiáticas. Isso foi algo que eu realmente não esperava. No dia que o Snyder Cut saiu, teve um vídeo no Youtube, em que um cara estava falando sobre o quanto a nossa cena o tocou. Porque a mãe dele era asiática, e poder ver uma asiática passando dificuldades, o que você não vê muito. Você as vê como ricas, e inteligentes, boas em matemática, esses tipos de coisa. Muito bem sucedidas. Então, ver uma pessoa asiática como uma pessoa normal.. Eu não tinha pensado nisso até perceber a reação das pessoas. E o cara no YouTube ficou até com a voz embargada, porque isso o lembrava a mãe dele. E muitas pessoas falaram isso, que significou muito para elas. Tendo sido criadas por mães solteiras, e passado dificuldades. E você não recebe esse tipo de feedback sendo atriz. E perceber que você causou uma impressão, que as pessoas se conectaram tanto com isso. Porque eu sei que eu me conectei com isso, eu já passei por isso, não sou uma mãe solteira, mas eu definitivamente passei por momentos difíceis. Isso é parte do que fez isso tão especial, poder falar por pessoas passando aperto, e por mães solteiras, mas também pessoas asiáticas em um momento em que está tendo muita violência contra asiáticos. Isso foi um bônus inesperado. Mas há tanta luta. Tem a luta de ser uma atriz americana-asiática na Inglaterra, ou ser asiática no geral. Que o fato de essa cena ser representativa, sem ser forçada, foi simplesmente natural, foi uma projeção natural que eu não esperava. E eu me sinto grata por ter feito isso.
SCBR: Então a gente conversou sobre a representatividade asiática no Snyder Cut, e eu tava querendo conversar contigo sobre a representatividade feminina no filme, porque é meu assunto favorito! É maravilhoso! Eu amo! Os personagens são tão bem escritos, são tão reais!
AM: Sim! Você tem a Diana Prince, claro! Mas também tem Lois Lane, e a Martha… Tem a Mera, eu sei que é um assunto meio complicado agora… Mas ela é uma personagem muito poderosa! Mas tem vários outros personagens que foram escaladas atrizes para vivê-los. O que é uma coisa fácil de se fazer, mas muitas pessoas simplesmente não o fazem. Você conhece a atriz Geena Davis? Ela estava em A Mosca, em Thelma & Loise, em O Turista Acidental. Ela tem tipo uma frase para guiar como escalar mais mulheres para os papéis. E é simples, se está escrito “doutor”, ao invés de botar um “ele”, bota “ela”. E aí escala uma atriz. Eu fiquei tão desapontada em relação ao Joss Whedon, porque… Depois de descobrir as coisas que ele botou no filme… Tipo, as cenas focando na bunda da Diana, e o Flash caindo em cima dela, especialmente porque eu realmente amei Buffy, eu acho que Buffy foi ótima! Era uma protagonista tão poderosa, e eram mais de uma personagem poderosa. Foi tão desapontador, era tão óbvio que o público-alvo dele eram meninos adolescentes. E, foi muito deprimente! E aí, ver a coisa toda… E ver o quão diferente era… As Amazonas, oh meu Deus! “Nós não temos medo!”. E elas se sacrificam! E derrubam tudo no oceano! Oh Meu Deus, é só… UAU! É tão poderoso! E de novo, eu não sinto que estão esfregando nada na cara de ninguém, só estão contando a história, e a história é sobre essas mulheres fazendo essas coisas. É meio que como… Eu vou ficar chata, mas na história… A história está cheia dessas mulheres que fizeram coisas maravilhosas, mas não se falam sobre, suas histórias não foram contadas. Então, é muito bom ver, mesmo que em uma situação de fantasia, histórias de mulheres serem contadas.
SCBR: Mas é tão poderoso de assistir que não importa se é fantasia ou não, é só bom que foi contado!
AM: Sim! De se ver representada ali, em algo diferente do que já tínhamos visto antes. A representação feminina é incrível. UAU! As Amazonas são incríveis..
SCBR: Sim, elas são mesmo!E tem um outro momento que eu amo, é quando a mãe do Victor é chamada pelo Diretor, e ele fala: “Senhora Stone”, e ela o corrige: “Doutora Stone!”. Isso é tão poderoso! É maravilhoso!
AM: Sim,e ela… E também para uma mulher afro-americana. Tem esses estereótipos sobre afro-americanos, sobre ásio-americanos, e nas nossas cenas, as regras foram trocadas. Os afro-americanos geralmente tem cenas em que são impotentes, pobres, ou sem utilidade. Salvando uma pessoa ásio-americana. Mas a personagem da Karen Bryson falou o que tinha que falar. Ela tava defendendo seu filho, ela deixou claro que seu filho era um gênio, ele não era só um jogador de futebol americano, ele não era só um atleta, ele estava ajudando alguém! E ela estava meio que se posicionando contra o sistema. Ela era também, bem, ela não era parte do sistema, mas ela era também uma profissional, ela era uma mulher respeitada, mas mesmo assim falou o que ela achava certo. E se posicionou em defesa do filho. Sim, eu acho que a personagem dela é incrível!
CONHEÇA AMANDA MAUD
SCBR: E sobre você, o que tem feito ultimamente? Quais os seus projetos?
AM: Eu vou fazer minha primeira convenção. Será o HALIFAX ComicCon. Eu acho que alguém desistiu, então acho que tô substituindo… [risos] É a minha primeira convenção, eu tenho um agente de convenção agora. Durante a pandemia não acontecia muita coisa. Mas eu acabei de terminar uma gravação para um cast de um musical. Era pra ter sido transmitido, mas acabou sendo cancelado porque um dos técnicos pegou COVID, então nós fizemos um álbum do cast e estamos esperando sair. E quando sair eu vou botar nas minhas redes sociais. […] Estranhamente eu fiz muitas leituras virtuais. Tipo, eu fiz um pequeno filme com um amigo, e outro curta. Sim, isso me lembrou muito de quando eu era atriz, em Nova York, porque eu fiz vários trabalhos lá, mas eu não fiz muito dinheiro! E a pandemia pareceu muito com isso. Porque tinham várias coisas acontecendo, mas eu acabava ganhando só alguns trocados. Mas foi maravilhoso fazer coisas enquanto nada estava acontecendo, e todo o conceito de Teatro digital é muito interessante! O teatro que foi pensado para o Stream! Não só pôr uma câmera em um teatro e gravar. É projetado, tem efeitos especiais, em locais específicos. É muito interessante! Eu tinha um plano de fundo de CGI, coisas do tipo. É uma coisa muito interessante que surgiu com a pandemia!
SCBR: Isso parece incrível! Onde podemos assistir isso?
AM: É algo que está em desenvolvimento agora, várias leituras de texto tinham o plano de fundo de CGI. Mas tem uma movimento querendo que tenham atores atuando em plataformas de Stream, talvez a… Beflix, se é que me entende. [risos] Se a gente estivesse no Zoom fazendo uma peça poderia ser um pouco… Um pouco instável, seria difícil… Mas se tivesse isso pensado para ser o mais fluído possível, mas ainda sendo ao vivo.. Isso fez algum sentido? Eu espero que tenha feito!
SCBR: Sim, eu acho que fez! Porque isso realmente parece muito bom, eu ia gostar de assistir isso!
AM: Sim, eu espero que tenham muito mais disso. As leituras que eu fiz durante a pandemia, eu acho que você ainda encontra no YouTube, eu acho que se você for na minha página do Facebook, minha página de atriz, você consegue encontrar os links. Mas, então, voltando… No momento “só a convenção mesmo. Mas talvez faça algo em Setembro. Mas quem sabe? Algo mais pode aparecer… Eu tô esperando pela ligação pra fazer Rebel Moon, mas… [risos]
SCBR: Ah sim, qual foi, Zack!? Tá demorando… Por favor, qual foi? [risos]
AM: Porque eu sempre quis participar de Star Wars, e isso seria o mais perto. Eu aaaaaaamo os filmes de Star Wars!
SCBR: Eu amo também! Eles são ótimos! Aliás, qual foi o seu projeto favorito?
AM: Essa é difícil… Eu não sei… Eu já fiz alguns de Shakespeare, e o meu papel favorito dele é Emília de Otelo… Bem, eu estou numa banda, eu adoro tocar com ela…
SCBR: Ah sim, eu ia te perguntar sobre a banda! É Wondermare, certo?
AM: Certo! Fazer aquele álbum foi maravilhoso, e estamos trabalhando num segundo. E claro o filme, vai ser difícil ganhar dele. Eu dirigi um pequeno teatro com uns amigos no Brooklyn, e nós fizemos uma produção num armazém abandonado no Brooklyn Waterfront de Les Liaisons Dangereuses. Então estávamos todos em figurinos do século XVIII nesse armazém abandonado, e nós ligamos os fios direto no poste pra ter eletricidade. E as pessoas tinham que ser escoltadas desde a estrada principal até esse terreno baldio. Esse foi o meu projeto favorito! E foi há muito tempo atrás. O corpo de bombeiros veio, deu uma olhada e foi embora. Eles viram o que estávamos fazendo e foi tipo: “Tenham um bom show…”. Eles só foram embora. Obrigada por perguntar! Eu ainda não tinha concretizado isso na minha cabeça até agora. Isso é provavelmente a coisa de que tenho mais orgulho! Foi muito difícil, mas eu acho que esse foi o meu projeto favorito! Obrigada por perguntar!
SCBR: Obrigada por compartilhar! E de todos os personagens que você já fez, qual foi o mais encantador, o que te desafiou mais, o que tomou seu coração?
AM: Hm… Oh Jesus! Eu fiz uma peça em que o papel foi meio que escrito pra mim. Onde era uma mulher chinesa-americana de meia idade morando em Londres, tentando salvar a Chinatown de Londres. E essa mulher, porque ela é americana, ela sentia que não pertencia àquele lugar, e ela era também, metade chinesa, como eu. Então, ela não se sentia americana suficiente, e não se sentia chinesa o suficiente. Eu realmente curti aquele papel, era muito cansativo, porque tinha muita coisa a se fazer. E a personagem era muito destemida, e cheia de energia! O que fazia ser muito cansativo no fim da noite! Mas é, essa foi minha personagem favorita! Essas perguntas são muito interessantes! Eu não tinha parado pra pensar nisso. Eu acho que esse foi meu personagem favorito!
SCBR: Bem, eu te avisei que queríamos te conhecer! [risos] Qual é o seu personagem favorito da Liga da Justiça?
AM: A Mulher-Maravilha! Eu escrevi uma carta para a NBC… Ou foi pra ABC? Eu escrevi uma carta para o canal nos anos 70, quando eu era criança. Eles iam cancelar a série da Mulher-Maravilha, e eu escrevi uma carta pra emissora dizendo: “Por favor, não façam isso! Por favor, não façam! Ela é ótima, é tão melhor do que a Mulher Biônica!”. E aí, eles retornaram com a série! Então, eu não sei se fui eu [risos]… Mas, eu amo a Mulher-Maravilha! Eu amo a Mulher-Maravilha desde que eu era uma garota, desde garotinha. E eu acho que a Gal fez um trabalho maravilhoso. Então, é, ela é com certeza minha personagem favorita da Liga da Justiça! Mas, você sabe, tem muitos mais por vir… Muitos membros ainda para aparecer.
SCBR: Sim, mas ela é a minha favorita também. […] Como você se descobriu atriz?
AM: Meus pais tinham uma organização de artes, uma organização renascentista de música e dança, então eles faziam concertos de música renascentista, com músicas do século XV ao XVI, e danças do século XV ao XVl. E eu me juntei ao grupo de dança quando eu tinha nove anos, e a partir dai eu já sabia o que queria ser. Eu queria ser dançarina primeiro, mas eu não tenho o corpo pra isso. Tenho vários problemas com os joelhos e a minha espinha e coisas do tipo. Mas eu nunca pensei em ser nada além de artista. Então aqui estou!
SCBR: E ainda, que conselhos você daria pra alguém que tenha interesse em atuar?
AM: Trabalhe o máximo que você puder, mesmo que não pense que seja um trabalho de verdade, experiência é o melhor treinamento, na minha opinião! Definitivamente vá às aulas, definitivamente obtenha treinamento, mas a experiência é o melhor treinamento! Mas também, se você conseguir fazer qualquer outra coisa, se você conseguir ser feliz fazendo qualquer outra coisa, faça isso! Porque é tão difícil! É tão difícil! Não é como trabalhar em uma mina de carvão, sabe? Não é como estar trabalhando com construção. Mas é muito desgastante, pode realmente acabar contigo, tem que ser muito forte emocionalmente. O que eu tento fazer quando faço alguma audição, ou mando as minhas fotos e currículos, é tentar botar isso em tipo um buraco negro, para que eu não pense nisso de jeito nenhum, e se isso voltar é ótimo! Mas eu tento esquecer assim que eu faço isso. Esse é o único conselho que eu tenho, sério. Seja verdadeiro consigo mesmo! Polónio diz em Hamlet: “A ti mesmo seja verdadeiro” . Porque as pessoas querem ver pessoas reais.
SCBR: Sim. E o até onde a gente viu em Liga da Justiça, você tem se saído muito bem! É uma cena tão poderosa! É maravilhosa!
AM Ah, obrigada!
SCBR: Obrigada a você por fazê-la! Por termos tido a chance de assistir! É muito boa!
AM: Eu sou muito grata por ter sido parte disso!
SCBR: De novo, muito obrigada por estar aqui [cedendo a entrevista].
AM: Eu quem agradeço!
Na entrevista, disponibilizada em nosso canal do Youtube, Amanda Maud e a apresentadora Ingrid, trocaram algumas figurinhas. A atriz elogiou nosso país, lembrando da Copa do Mundo e das Olimpíadas, e rolou um convite de encontro entre as duas no estádio do Liverpool. Fora das gravações, ambas, amantes de futebol, conversaram sobre seus times do coração, Liverpool Football Club e Vasco da Gama, compartilhando histórias.
Amanda Maud, é apenas mais uma, dos inúmeros profissionais, que amaram trabalhar com Zack Snyder e merecem ter suas histórias abraçadas pelo nosso fandom. Essa foi mais uma entrevista que SnyderCutBR teve a honra de realizar.
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