Em meu último post, falei sobre a possibilidade de um Looping Temporal em Army of the Dead. E, como o texto ficou longo, deixei para falar sobre este tema, em outro momento. ~ Pois bem, este momento chegou. Rufem os tambores! ~ CONTÉM SPOILERS!
Falar sobre isso é andar sobre a areia movediça, pois tudo o que listarei no texto, tanto pode ser verdade, como pode ser mentira. Afinal, são apenas teorias. ~ Mas, diga-se de passagem, esta é uma senhora teoria! ~ Isso porque aprendemos que, com o Zack, podemos esperar qualquer coisa, quanto mais as complexas e de mais inesperadas conclusões.
Levantamos cinco apontamentos bem interessantes que poderiam atestar a existência de um looping temporal, de fato, em Army of the Dead. Então, exercitem o cérebro, aconcheguem-se no sofá e boa leitura!
1º Ponto: A fala de Vanderohe ao Dieter.
Essa não é novidade para ninguém que tenha assistido ao filme. Ao avistar os corpos decompostos e esqueletos em uma das armadilhas para se chegar ao Cofre Götterdämmerung, Vanderohe comenta ao Dieter:
“É outra equipe ou somos nós, Dieter? Pare pra pensar. Nós. Olhe para eles. Somos nós. Poderia ser, noutra linha do tempo, e se estivéssemos presos num loop infinito, lutando e morrendo… lutando e morrendo… E Tanaka… é o titereiro. O Diabo. Deus. Nós, você, eu, Guz e o resto da equipe somos peões num jogo perverso, destinados a repetir nossos fracassos. E finalmente… como uma revelação irônica e alucinante… tudo começa de novo”.
Na fala, somos levados a acreditar na possibilidade de Vanderohe e sua tripulação estarem presos em um loop temporal, condenados a repetirem o mesmo assalto várias vezes. Sobre essa tese, já poderíamos imaginar que a ganância é o que move todo o Armyverso. Afinal, tudo se passa dentro de Las Vegas, a cidade do excesso. O que fomenta a tese, contudo, são os dois significados da palavra “Götterdämmerung“:
- 1 ~ O nome de um lendário fabricante de cofres alemão;
- 2 ~ Um colapso (de uma sociedade ou regime) marcado por violência e desordem catastróficas. De modo geral, pode ser interpretado como “queda”, ou subjetivamente, “fracasso”.
2º Ponto: A importância de todos os detalhes cenográficos e apelos visuais.
Por exemplo, o primeiro significado para “Götterdämmerung” ganha explicação e um excelente foco em Army of Thieves.
Já o segundo ~ e agradeçam-me por lembrá-los ~ tem ligação também à cenografia escolhida para o ArmyVerso. Refere-se ao centro turístico de Las Vegas, mais precisamente a pirâmide do Hotel Luxor, com os feixes de luz apontando para o céu. Isso tem relevância, porque em 2014 surgiu um boato de que as pirâmides de Kukulcán, situada na península de Lucatán, no México, as do Vale de Xianyang, na China, e as pirâmides da cultura Norte Chico, nos Andes, estavam emitindo raios de luz em direção ao espaço. E mais, que isso poderia significar o fim do mundo, “previsto” pelos maias para ter ocorrido no dia 21 de dezembro de 2012.
Ainda ao final de Army of the Dead, o helicóptero quase base na torre do Hotel Luxor, dando uma sequência de focos para o local. O que mais uma vez corrobora com a evidência de que o cenário e todas os apelos visuais do filme, podem trazer respostas sobre o ArmyVerso.
Oras, afinal, em se tratando de Zack Snyder, coincidências não existem. No entanto, se você não conseguiu acompanhar a minha linha de raciocínio, deixo a pergunta: O que é o ‘Apocalipse’, se não a queda da humanidade, onde tudo é posto à prova e o que sobra, são apenas os seus valores? Neste caso, os valores familiares que têm, os de amizade, o de ética e moral, o de competitividade e sobrevivência, todos eles, são postos lado-a-lado no tabuleiro e em cheque. Uma pessoa gananciosa passaria por cima de todos os seus valores morais para alcançar um objetivo comum, mas será que sobreviveria?
3º Ponto: Seria Vanderohe, Zeus?
Se só essa pergunta fez o seu cérebro expandir e, aquele insight ~ digno de “A Hora da Estrela” (Clarice Lispector) ~ te fez se apaixonar pelo “instante-já” da descoberta, acompanhe comigo todas as pistas que você, talvez, tenha deixado passar.
PISTA 1:
No trecho da introdução, onde Zeus (zumbi alfa) escapa do comboio militar, os créditos de abertura de Army of the Dead mostram Zeus e os zumbis assumindo Las Vegas. Zeus é mostrado caminhando em direção a algo que parece hipnotizar o zumbi alfa. Bem no momento em que a música Viva Las Vegas atinge seu clímax, os Créditos de Abertura de Army Of The Dead sobrepõem o nome de Omari Hardwick (ator de Vanderohe), com a Estátua de Zeus (deus olímpico) ao fundo. Podia ser pura coincidência, se por Zeus, a gente não ligasse automaticamente com o zumbi alfa do filme.
Tudo bem, quem encena Zeus é Richard Cetrone, o que não quer dizer nada, dada a toda a sua caracterização. Por outro lado, na história do filme, muitas coisas fariam sentido se Zeus fosse a versão de Vanderohe de uma primeira linha temporal. ~ Antes de pirar, eu explico.
É que considerando como Snyder e Schweighöfer usam uma variedade de pistas visuais para sugerir possíveis futuros e tramas, ao longo do Armyverso, é improvável que o nome de Omari Hardwick sendo justaposto com a estátua de Zeus, seja apenas uma incrível coincidência. De fato, poderia muito bem ter sido a primeira pista sobre o destino final e trágico de Vanderohe.
PISTA 2:
Essa, talvez, seja uma das mais intrigantes passagens de Army of the Dead. Você já se perguntou por quê Vanderohe é o único que, depois de mordido, leva um tempo para se transformar em zumbi?
Ele não só sobreviveu à precipitação radioativa da bomba que destruiu Las Vegas, como também teve tempo de conseguir dirigir até Utha, para pegar um avião com destino ao México. Não está claro, contudo, que ele não tenha sido mordido por um zumbi normal ou pelo próprio Zeus. No entanto, a única explicação plausível e lógica de como ele se afasta dos níveis letais da radiação, é se o vírus dentro dele tivesse sofrido alguma mutação.
Agora, o insight: E se esse vírus mutante fosse o que o transforma no único zumbi alfa restante? Afinal, todos os outros morreram na explosão. Isso, porém, só explicaria uma continuação, não necessariamente um looping. Mas e se sua transformação fosse o recomeço de um novo looping temporal?
” – Minha teoria? Isso começou com um deles. Um original. Aí, seja quem for, se ele te morder…
– … Você vira um alfa.”
Ok. Scott também levou um tempo para se transformar, menor que o Vanderohe, o que fomenta ainda mais a teoria da radiação ter desacelerado o processo de transformação. Vanderohe que estava totalmente protegido dela, dentro do cofre, pode ter ganho um tempo maior de desaceleração. O que, das duas uma: Ou a radiação criou o vírus mutante, ou protegeu os infectados, aumentando o tempo para o efeito da transformação. ~ Ou, quem sabe, os dois?
PISTA 3:
Seguindo a teoria, depois de perceber que foi mordido, a consciência de Vanderohe provavelmente o leva a se entregar às autoridades. Isso significa que ele acaba voltando para a Área 51 para ser estudado por cientistas do governo, provavelmente com um nome falso, já que o caso é obviamente ultra-secreto. Isso é consistente com o que Snyder e o roteirista Peter Aperlo revelaram sobre Zeus não ser um verdadeiro vilão.
RELEMBRANDO
No podcast Vodka Stream, Snyder entra nas origens de Zeus e explica que “ele se voluntariou para algo, mas não era o que ele pensava”. Enquanto isso, conforme detalhado no livro de Peter Aperlo, Army of the Dead: A Film by Zack Snyder: The Making of the Film, o seguinte é revelado:
“As motivações para (Zeus) revidar sempre, vêm dele sendo defensivo ao invés de ofensivo. Zeus tem aspirações, esperanças e sonhos, mas quer ser deixado em paz. Inclusive, com uma nova vida no ventre da Rainha dos Alfas. Há uma frase no filme em que Lilly, a coiote, diz: ‘vocês continuam agindo como se este lugar fosse a prisão deles’. É o reino deles. Isso permite que você saiba sua motivação. Zeus e os Alfas poderiam facilmente sair da cidade, mas eles escolheram ficar’“.
Vale lembrar que Zeus escolhe seus zumbis alfa com muito cuidado, o que também é consistente com o pensamento tático de Vanderohe. Além disso, talvez Zeus esteja ciente do looping temporal. E, por isso, estava em Las Vegas com a intenção de matar Vanderohe, para impedi-lo de causar o surto novamente. É por isso que o confronto de Zeus com Vanderohe teve um tom cerimonial, pois Vanderohe tira o cinto e Zeus tira a máscara antes de se envolver, ambos reconhecendo a inevitabilidade do encontro. Depois que Vanderohe acaba dentro do Götterdämmerung, Zeus até persegue os sobreviventes, provavelmente na tentativa de evitar outras causas potenciais.
PISTA 4:
Talvez, você não tenha percebido a tatuagem Ômega no peito do Vanderohe.
Alfa e ômega, respectivamente, significam o começo e o fim, e é por isso que a tatuagem ômega de Vanderohe indica uma conexão direta com os zumbis alfa. Embora a tatuagem ômega de Vanderohe, junto com a máscara e a capa de Zeus, possam ser referências ao Darkseid, Batman e Superman do DCEU, eles também sugerem os destinos interligados de Zeus e Vanderohe. O traje inspirado em super-heróis de Zeus significa que ele não é realmente um vilão. Enquanto isso, a tatuagem de Vanderohe indica que ele é o ômega do alfa de Zeus. O epílogo de Army of the Dead também apóia isso.
PISTA 5:
Army of the Dead termina com Vanderohe citando o livro A Jornada do Herói do mitólogo Joseph Campbell, que disse: “É descendo ao abismo onde recuperamos os tesouros da vida. Onde você tropeçar, aí está o seu tesouro.”
Vanderohe se lembra dessa citação por causa de como ele acabou de pescar uma fortuna no abismo (Las Vegas), infestada de zumbis. Ao mesmo tempo, isso pode ser uma referência às verdadeiras origens de Zeus, bem como suas motivações para ficar dentro de Las Vegas. No abismo, próximo ao cofre que guarda os tesouros da vida, o zumbi alfa Zeus aguardava a chegada de Vanderohe, o ômega. E onde Vanderohe tropeça, Zeus agarrou seu próprio tesouro ou objetivo de matar Vanderohe e encerrar o ciclo do tempo.
4º Ponto: Os sinais de um Looping
As teorias a respeito de um looping temporal em Army of the Dead são muitas. Em resumo, algumas se apresentam em pequenos detalhes, que podemos enxergar como ‘sinais’ que fomentam a teoria do looping. Vejam bem:
SINAL 1:
O primeiro é referente à chave pendurada no pescoço de uma zumbi com 3 furos e no pescoço de María Cruz (Ana de La Reguera) com 4 furos. Como coincidência a gente já descarta, quando Zack Snyder está envolvido, essa é uma evidência e tanto. Logo, poderia ser a quantidade de vezes que o looping estaria se repetindo, onde os corpos seriam versões anteriores dos membros do grupo.
Os detalhes das roupas se somam na sequência do monólogo e vemos a ligação dos cadáveres com outros personagens. O impacto é real e pega não apenas Dieter, mas também os espectadores de surpresa.
SINAL 2:
O que dá gás a essa teoria, é que numa das primeiras cenas de Army of the Dead, o performista de um dos Cassinos da Cidade conhecida pelos Jogos de Azar, nos traz a contagem para a música “Viva Las Vegas” e para o que esperar de Army of the Dead:
“Vocês estão prontos meninos? Um, dois, três… quatro.”
Geralmente, as contagens para o “Já” ou para o “ação”, vão até o 3. Então, por quê ele conta até 4?
SINAL 3:
Essa contagem, envolvendo os números 3 e 4, também apareceu num diálogo entre Dieter e Vanderohe:
“- Eu matei a noiva. Eu atirei nela três vezes.
– Na verdade, foram quatro.”
A não ser que exista aí, uma obsessão pelos números, é no mínimo intrigante o aparecimento tão frequente deles. Mas, tem mais um:
SINAL 4:
Simulação vs. Realidade
Poderia o dono do cofre, não saber o exato modelo dele? O cofre da simulação possui 4 códigos individuais alinhados desordenadamente, enquanto que o cofre que eles encontram no Cassino possui os 4 códigos em desenho simétrico. E, sim, de novo o número 4. O que fomenta ainda mais a hipótese de o grupo de Vanderohe estar em sua 4ª versão do Looping Temporal.
“Se eu conseguir abrir, vai ser simplesmente a destruição ou a renovação. Morte ou renascimento.”
Um ponto interessante é que só quem poderia saber que o desenho do cofre real é diferente aos da simulação, seria quem sobrevivesse ali. Mas quem sobreviveu e antecipa diversas falas e sempre parece o mais consciente do que está acontecendo? Vanderohe, que não só pegou as bombas C4 para explodir o portão, como indicou a melhor pessoa para determinadas missões.
SINAL 5:
“Mandou bem pela primeira vez!”
Bem, todos nós já ouvimos falar em “Sorte de Principiante”. E a julgar pelos acontecimentos de Army of Thieves, Dieter nunca pôs a mão em uma arma. É de se espantar que, para uma primeira vez, de cinco garrafas alinhadas, acertasse alguma. Mas, acertou não só uma, como duas. E, embora seja curioso o aparecimento dos números 2 e 5, nesta cena, o foco maior é para o impossível: Dieter teria acertado de primeira, se não houvesse “treinado” algumas vezes?
Pelo menos, dentro da teoria do Looping Temporal de recomeço com os mesmos personagens, Dieter estaria treinando os tiros. De alguma forma, haveria uma memória inconsciente do que viveram. Assim, ficariam presos no Looping, até que conseguissem, de fato, quebrá-lo, destruindo qualquer iminência de zumbi sobrevivente.
Achou essa teoria muito maluca? Calma que tem mais!
5º Ponto: Quem seria Vanderohe?
NOTA 1:
Primeiramente, durante a introdução, somos apresentados aos principais personagens e Zack Snyder não poupou em mostrar que Vanderohe era um Mestre em Filosofia. A filosofia é o estudo das questões gerais e fundamentais sobre a existência, conhecimento, valores, razão, mente, e linguagem; frequentemente colocadas como problemas a se resolver. Não é muito difícil imaginar por que logo o Vanderohe é o filósofo da coisa toda.
E falar em filosofia, é lembrar de Nietzsche. O eterno retorno é uma ferramenta desenvolvida por ele para enfrentar o niilismo, ou seja, a negação da vida, que segundo o filósofo, se espalha como uma sombra pelo corpo da humanidade, toma de assalto o homem e o leva à decadência. Para revertê-lo e dar um outro centro de gravidade para os valores: esta realidade, esta vida, seria necessário buscar a pureza da alma.
E, aqui, cabe dizer que talvez, para se quebrar o ciclo do looping temporal, por exemplo, todos os envolvidos deveriam buscar a tal pureza da alma. ~ Chutei, aqui.
NOTA 2:
Outra possibilidade é que a bomba que foi lançada na cidade de Las Vegas, seja realmente a causa do looping temporal. Explosões nucleares produzem táquions, partículas que podem voltar no tempo. Enquanto isso, o Götterdämmerung protegeu Vanderohe de ser vaporizado na explosão, junto com a maior parte de Las Vegas.
As origens mitológicas dos cofres de Hans Wagner, em Army of Thieves, combinado com os efeitos físicos de uma explosão nuclear, é a fórmula certa para causar rasgos ou loopings no fragmento do espaço-tempo. Porque Dieter empurrou Vanderohe para o Götterdämmerung, Vanderohe sobreviveu – mas também pode ter sido substituído por outra versão de si mesmo, de uma época (ou linha temporal) diferente.
Isso poderia explicar por que Vanderohe nunca é mordido por um zumbi em todo o filme, mas acaba com uma mordida no epílogo. E se isso for verdade, então Vanderohe e Zeus não são apenas a mesma pessoa, com também o vírus zumbi alfa vem de uma versão de Vanderohe, de uma dimensão ou tempo diferente. Afinal, como Dieter diz sobre o Götterdämmerung, é uma “porta para outro reino”.
EXTRA
Discutindo Army of the Dead para a Semana Geeked da Netflix, Snyder se recusou a descartar a teoria do loop de tempo, afirmando “Pode ser verdade. Quem sabe?”
“Há muitas pistas no [Army of the Dead] que apoiariam essa teoria”, acrescentou Snyder. “Por exemplo, você vê nessa sequência, você vê que há alguns esqueletos no cofre, há como uma foto de cada um deles, e você vê uma foto de um de nossos personagens, e eles estão usando o mesmo colar – são eles.”
Ele continuou a apontar que esta não é a única cena em Army of the Dead que apoia essa leitura, observando que:
“Quando eles realmente entrarem no cassino, haverá um conjunto de planos, e Scott diz que Tanaka tinha outras equipes aqui antes de nós. Se você notar, os caras mortos em volta daquela mesa são eles de novo. Então, se você quiser jogar esse jogo, ele está lá para jogar.”
… E se o pai falou, tá falado!
Fontes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
E aí, Snydetes, gostaram do meu compilado de pistas que fomentam a teoria do lopping temporal em Army of the Dead? Deixei escapar alguma? Conte-me nos comentários!
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3 comentários
Pensa numa criatura que hypou no armyverso depois desse texto, pqp! Já vou atrás de ver e rever e ficar buscando detalhe perdido e cena que passou rápida e despercebida, caralho, preciso ver as caveiras que vc citou………… quero pra já, obg pelo texto, vlw!