Chegou aquele momento de falar de alguém “próximo”. Vamos falar do cinema nacional. Fomos convidados para assistir o filme Medida Provisória, a estreia de Lázaro Ramos como diretor nos cinemas. Medida Provisória começou a ser produzido em 2012 e foi filmado em 2019.
Medida Provisória, apresentado internacionalmente como Executive Order, foi selecionado para o festival SXSW 2020. Teve sua participação cancelada, junto com o evento, devido à Pandemia do Covid-19, sendo exibido numa belíssima participação na edição de 2021. Também passou pelo festival PAFF (Pan African Film Festival), onde foi considerado “o melhor filme brasileiro, desde Cidade de Deus”.
- Confira o trailer:
- Sinopse: Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África, na intenção de retornar às suas origens. Sua aprovação afeta, diretamente, a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar. O longa é uma adaptação de “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro, em 2011.
Minhas impressões
Descrito pelo site Box Office Buz como uma mistura de Black Mirror com Parasita, logo vemos o motivo da “comparação” pelo cenário distópico. Dessa forma, trata-se de algum lugar do futuro, em que o filme se passa, assemelhando-se aos episódios da série britânica. Entretanto, já a comparação com o longa sul-coreano, vencedor do Oscar, analisamos no decorrer da trama, os tons de cores que envolvem as camadas raciais do filme. Com certeza, é um plus ao sentimento que o personagem passa.
Dessa forma, com uma pauta social bem presente, portanto, é claro que vemos personagens em tela que causam repulsa com suas falas e ações. No entanto, a reflexão maior fica por conta do ápice onde recebemos um paralelo de como os corpos são espelhos da sociedade, numa cena que flerta com a poesia, a dor e os exageros, por exemplo.
Conclusão
Um adendo à interpretação de Seu Jorge, que vive o jornalista independente, André: o personagem entrega a leveza em cena, mesmo abordando situações dramáticas. Com isso, deixa sempre um gosto de “quero vê-lo mais em cena“. Taís Araújo, Adriana Esteves e Renata Sorrah, dispensam elogios, pois entregam interpretação no olhar, antes mesmo de suas falas, fazendo com que tenhamos total empatia e antipatia, com as devidas personagens. Por fim, a surpresa foi ver o ator Alfred Enoch, conhecido pelo seriado How to Get Away with Murder e Harry Porter, interpretando na língua portuguesa. Paralelamente, nomes conhecidos do público como: Emicida, Tia Má, Flávio Bauraqui e Mariana Xavier encorpam o elenco de peso.
No entanto, apesar de se tratar de um assunto presente em nossa sociedade, o mesmo é abordado num futuro distópico. Neste sentido, existe uma perseguição para enviar todos afrodescendentes à força para o continente africano. Desta maneira, o cenário faz com que o sentimento de apreensão e curiosidade invada e mantenha a dúvida sobre qual o desfecho dessa história, num enredo coeso e assertivo.
Com isso, para finalizar, Lázaro Ramos entrega um belíssimo filme. Ao lado de Adrian Teijido, diretor de fotografia argentino, ambos retratam um visual do Rio de Janeiro muito bonito em suas imagens, diferente de qualquer outro filme brasileiro. Portanto, não ressaltou estereótipos, por exemplo, das comunidades cariocas.
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